PGR arquiva denúncia contra Noblat e Aroeira por charge em que Bolsonaro pinta suástica em cruz da saúde

Em sua decisão, a procuradora Marina Selos Ferreira entendeu a charge - que também motivou a prisão de cinco militantes petistas - como crítica "à forma como conduzidas as políticas de enfretamento à propagação do vírus" por Bolsonaro

Charge de Aroeira divulgada por Ricardo Noblat

Por Plínio Teodoro.

A procuradora da República Marina Selos Ferreira arquivou a denúncia feita pelo ministro da Justiça, André Mendonça, sobre a charge de Aroeira – replicada pelo jornalista Ricardo Noblat – que mostra Jair Bolsonaro pintando uma suástica sobre a cruz da saúde. A imagem é a mesma que motivou a prisão de cinco militantes petistas pela Polícia Federal na última semana.

Na decisão, do dia 17 de março, a procuradora diz que “a liberdade de expressão é a garantia essencial ao livre desenvolvimento da personalidade e da dignidade da pessoa humana, incentivando o debate público dos temas afetos à coletividade, de modo a permitir a exposição das diversas impressões e pensamentos sobre os fatos políticos, econômicos, sociais e culturais que permeiam a sociedade”.

Por meio dos advogados, Aroeira disse que fez uma crítica social à declaração de Bolsonaro, que à época, em julho de 2020, incitou a população a invadir hospitais de campanha para comprovar se haviam pessoas internadas por Covid-19.

“A intenção foi apenas associar a chamada da população para invadir hospitais, que aos olhos do declarante é uma demonstração de certo autoritarismo e de fuga das leis, uma vez que não cabe à população tomar esse tipo de atitude, numa situação de risco claro e evidente à saúde”, diz a defesa do chargista.

“De todo o exposto, não entendendo presente o dolo dos investigados em atentar contra a honra do Senhor Presidente da República, limitando-se a expor suas críticas, por meio de charge, à forma como conduzidas as políticas de enfretamento à propagação do vírus, em especial, induzindo as pessoas a duvidar das informações de lotação das UTIs nos hospitais, o arquivamento é medida que se impõe”, decidiu a procuradora.

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