Os jovens do MST e a comunicação

    Por Elaine Tavares.

    Fotos: Rubens Lopes.

    A Universidade Federal de Santa Catarina recebe mais de 400 jovens de assentamentos e acampamentos do MST para um trabalho de formação na área de Comunicação e Arte, setores que o movimento sempre considerou altamente estratégicos.

    A atividade se plasma no Seminário Regional da Juventude, organizado pelo Projeto de Extensão  “De olho na terra”, coordenado pelo Laboratório de Educação do Campo e Estudos de Reforma Agrária, do CCA/UFSC.

    Quatro dias de intensos debates e oficinas para analisar a conjuntura brasileira, pensar a comunicação dentro desse cenário e apontar caminhos para o futuro.

    Para o MST sempre foi fundamental pensar a mística, a estética, a cultura, as manifestações artísticas, a forma eficaz de passar informação e o processo de formação através da comunicação. Basta só olhar para a maneira como organizam seus eventos. Tudo está interligado. A forma e o conteúdo. Não é sem razão que esse movimento nascido nos anos 80 se mantenha forte e atuante, apesar dos erros e retrocessos.

    Nessa semana, participando das atividades com os jovens, percebe-se que está aí mais uma geração de gente lutadora, os filhos dos acampados e os novos acampados, dispostos a avançar cada dia mais na construção de uma reforma agrária que ainda não se cumpriu.

    Conversamos com eles sobre a necessidade de ultrapassarmos a proposta da democratização desse sistema comunicacional que está aí, que é manipulador e mentirosos, e avançar para a soberania comunicacional, que significa não apenas produzir uma comunicação livre, mas a luta pela apropriação dos meios massivos de comunicação.

    Na mesa, eu e o jornalista Raul Fitipaldi, pudemos sentir a vibração vinda da plateia, formada por uma geração que também quer lutar e transformar o mundo. Para eles, já consolidados na proposta de ocupar, resistir e produzir na terra, ficou fácil entender que a comunicação no Brasil também é um latifúndio produtor de ideologia, e que também esse campo precisa ser ocupado para que floresça a informação livre, formativa e produtora de conhecimento.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here

    Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.