O que pode ser feito para preservar os arrecifes para o futuro

Corals point into current flow.tifPor Marcos da Silva.

A primeira sessão do 5º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial da Ciência, no auditório da Regional Nordeste do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, na Cidade Universitária, na segunda-feira, 15, foi aberta pelo cientista australiano Darren Cameron. O estudioso ministrou a palestra “O papel das reservas marinhas na conservação dos ecossistemas através da resiliência ecológica e social: O caso da grande barreira de arrecifes”.

Darrel considerou a proteção natural, que circunda o litoral pernambucano muito semelhante a que existe em seu país e ressaltou o empenho do seu governo, dos cientistas e da população em preservar o ecossistema marinho. “Queremos aproveitar esses recursos e deixar o legado para os nossos filhos. Os corais são o alicerce e a barreira do ecossistema”, revelou.

De acordo com Darren, os 7% de arrecifes australianos estão sendo preservados e foi criada uma reserva marinha, dividida em três áreas, que abrangem os 2 mil Km a nordeste da Austrália. Desde 1975, foi criado um parque marinho, que em 1981 passou a ser patrimônio mundial, ocasião em que foram criadas leis de cuidado, proteção e conservação do local. “Dividimos o parque em áreas não perturbadas por seres humanos (verdes), onde nada pode ser pescado; livres para a pesca (azuis) e proibidas para a entrada e pescarias (cor-de-rosa), consideradas berçário de tubarões”.

Foram necessários anos de planejamento, educação e práticas ambientais para a existência do parque marinho, mesmo assim, as ameaças naturais como o aquecimento global, o aumento do turismo e a navegação podem botar tudo a perder, destacou o cientista. “Em meados dos anos 1990 havia quem dissesse que o parque não era suficiente para manter as espécies marinhas. Dividimos o território em 70 regiões, 30 delas com arrecifes e 40, sem arrecifes. Princípios operacionais biológicos foram considerados, entre eles, área mínima de 20km, quanto maior a área melhor e não dividir os arrecifes. A consulta e a participação pública com o diálogo com as comunidades de pescadores, aliadas a tecnologia, é imprescindível”, disse Darrel.

O professor revelou que não foi fácil conseguir a adesão da população. Hoje, existe uma rede isenta da captura dos recursos marinhos. Considerando-se os dados biológicos e oceanográficos, 850 espécies estão em áreas protegidas e 38 grupos de espécies foram catalogadas. As áreas verdes do litoral australiano são verdadeiros refúgios das espécies. Nelas, os animais se desenvolvem e depois migram para as áreas de pesca. No entanto, eventos climáticos extremos, que acontecem no parque marinho como ciclones, enchentes e furacões devastam tudo e em algumas regiões não há mais corais vivos.

Ao final da explanação, a moderadora Beatrice Padovani Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), considerou: “Existem similaridades entre o Brasil e a Austrália. A estratégia montada naquele país foi de suma importância”, finalizou.

Texto de Marcos da Silva, da Secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, socializado pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4707.

EcoDebate, 18/04/2013

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