Narrativas sobre os isolados nos rios Jordão e Envira

Por uma extensa área que abrange mais de dois milhões de hectares, boa parte em região de fronteira do estado do Acre com o Peru, atua a Frente de Proteção Etnoambiental Envira (FPEE), subordinada à Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Fundação Nacional do Índio (CGIIRC/Funai). A área de atuação abrange dez terras indígenas e três unidades de conservação incidentes nos municípios de Feijó, Tarauacá, Jordão, Cruzeiro do Sul, Assis Brasil, Sena Madureira, Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Manoel Urbano.

A FPEE trabalha atualmente com seis registros de índios isolados, além de grupos de recente contato e do grupo Mascho Piro, que percorrem amplas extensões da floresta dos dois lados da fronteira do Brasil com o Peru. Além dos registros, a FPEE concentra ainda uma série de informações de povos isolados que ainda precisam ser trabalhadas.

Na região do rio Jordão, os Kaxinawá (que se autodenominam Huni Kui) frequentemente relatam avistamentos, assobios pela mata, rastros de varadouros e outros vestígios, até histórias de saques de objetos em algumas aldeias.

Atendendo a uma demanda das comunidades Huni Kui, no início de maio, o Centro de Trabalho Indigenista, em parceria com a FPEE, a Coordenação Técnica Local (CTL/Funai) do município de Jordão e a Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC), realizou um intercâmbio com os Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs) do povo Huni Kui na aldeia São Joaquim Centro de Memória.

Uma das funções dos AAFIs é justamente monitorar o território e controlar a entrada de invasores nas terras indígenas. Os objetivos do encontro foram colaborar com a interlocução para mapeamento de informações sobre isolados e pressões territoriais no rio Jordão, além da pactuação de protocolos de trabalho e de conduta entre os AAIFs e a FPEE para registro e proteção dos isolados.

Servidor da Funai na FPEE, o indigenista Marcelo Fernando Batista participou das oficinas no intercâmbio e falou da importância do trabalho dos colaboradores indígenas nas Frente de Proteção. Marcelo contou um pouco sobre a participação de Irineu Sales Kaxinawá, colaborador da FPEE que atuou como interprete no contato com os Tsapanawa, como são por vezes chamados os isolados do Xinane.

“Temos colaboradores indígenas que trabalham como intérpretes. A experiência com os Kaxinawá, por exemplo, facilitou muito o trabalho. O China Txaico, de recente contato, e o Irineu, conseguiam manter comunicação. Assim, o Irineu podia passar informações para nós para que pudéssemos trabalhar junto com os isolados”, relatou.

Para esta edição do Boletim Povos Isolados na Amazônia, o CTI preparou um vídeo com as narrativas indígenas sobre a presença dos isolados no Jordão e Envira.

Ficha Técnica:

Entrevistas: Nathalia Clark e Priscila Chianca
Montagem: Luiza Mandetta
Realização: Centro de Trabalho Indigenista
Parceria: Fundação Nacional do Índio
Apoio: Fundo Amazônia
Ano / Duração: 2016 / 6 min

Fonte: http://boletimisolados.trabalhoindigenista.org.br/.

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