‘Mulheres na luta’ é um ótimo ponto de partida para entender o feminismo

Imagem: Reprodução.

Mulheres na luta: 150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade (Seguinte, 2019; tradução de Kristin Lie Garrubo) é uma obra que foge bastante ao meu padrão de leitura, que tenho pouco hábito de consumir HQs e livros ilustrados. Contudo, a obra de Marta Breen ilustrada por Jenny Jordahl chamou minha atenção quando de seu lançamento. Traduzido para mais de 20 idiomas, Mulheres na luta é um compêndio ilustrado sobre o movimento feminista mundial, narrando mais de 150 anos de árdua batalha pelos direitos das mulheres.

É importante ressaltar ao leitor que se trata de um compêndio, um resumo sobre este movimento tão importante que visa menos explicar e mais trazer à luz alguns dos momentos e nomes importantes deste mais de século de luta das mulheres. Arrisco dizer que teria um papel interessantíssimo caso fosse usado na educação de crianças e adolescentes, especialmente pela linguagem objetiva e pelas pelas ilustrações de Jordahl, que juntas compõem uma breve introdução às histórias de inúmeras mulheres que batalharam pelo direito ao voto, ao trabalho, à educação, a decidir acerca de seus corpos, dentre outros tantos direitos.

Mulheres na luta inicia mostrando a vida das mulheres no século XIX, evidenciando com eram privadas de estudar, de serem donas da terra em que viviam e produziam, muitas eram obrigadas a casar com homens por imposição paterna, sem contar que raramente obtinham oportunidades de trabalhar em áreas que não estivessem ligadas ao cuidado com o lar. Da primeira “Convenção Feminista” à luta pelo fim da escravidão, nomes como de Elizabeth Cady Stanton, Lucretia Moot e Harriet Tubman nos são apresentados.

Uma das ilustrações de Jenny Jordahl em 'Mulheres na luta'
Uma das ilustrações de Jenny Jordahl em ‘Mulheres na luta’. Imagem: Reprodução.

Há espaço, ainda, à apresentação de nomes como de Olympe Gougues, importante na luta pela educação, Emily Davison e o movimento sufragista e da poeta iraniana Táhirih, considerada a primeira mártir do movimento feminista. Em suma, a obra é um bom ponto de partida para aqueles que desejam entrar em contato com o feminismo, dando espaço a que o próprio leitor vá atrás de mais informações e expanda sua compreensão acerca do que o feminismo trata.

Uma virtude da obra de Marta Breen é justamente apresentar o grande leque de mulheres que, em diferentes países e épocas, estiveram à frente da batalha por direitos, inclusive apresentando algumas das contradições inerentes ao movimento.

Uma virtude da obra de Marta Breen (a autora esteve no Brasil em 2018, durante a Feira do Livro de Porto Alegre) é justamente apresentar o grande leque de mulheres que, em diferentes países e épocas, estiveram à frente da batalha por direitos, inclusive apresentando algumas das contradições inerentes ao movimento: questões como raça, sexualidade e aborto, por exemplo, nem sempre estiveram no centro do debate. Neste ponto, Mulheres na lutatorna-se ainda mais relevante, pois traz estes nomes à luz sem maquiar as incongruências existentes dentro do movimento feminista.

As histórias são curtas, o que reforça a importância das ilustrações, que agregam uma mensagem tão forte quanto o próprio texto, pois nos atingem de uma maneira mais direta. Sem dúvida ainda restam coisas que não foram abordadas, especialmente a ausência de um olhar à luta feminista feita na América Latina (há, inclusive, uma ilustração que foi alterada para a versão brasileira, incluindo a data em que mulheres puderam votar em nosso país), mas dentro de um movimento tão diverso e com avanços distintos nas diversas partes do mundo (ainda existem países onde as mulheres não votam, ou onde se praticam mutilações, etc) é até compreensível estas lacunas.

Capas das diferentes traduções de 'Mulheres na luta'
Capas das diferentes traduções de ‘Mulheres na luta’. Imagem: Reprodução.

Além de ressaltar a história de mulheres tão importantes, Mulheres na luta ainda deixa claro como ainda há muito a se avançar. Enaltece nomes sem esquecer das que ainda seguem na luta por direitos básicos. É didático sem ser panfletário. É, em último recurso na tentativa de convencer o leitor a lê-lo, necessário, para educar as atuais e – principalmente – futuras gerações. Sem essa pretensão, é, por que não, um registro histórico de ontem e do hoje, além de um alerta sobre o tipo de amanhã que desejamos escrever.

MULHERES NA LUTA | Marta Breen & Jenny Jordahl

Editora: Seguinte;
Tradução: Kristin Lie Garrubo;
Tamanho: 128 págs.;
Lançamento: Fevereiro, 2019.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.