MST lança campanha para prisão de assassino do Massacre de Felisburgo

Por José Eduardo Bernardes.

Na data em que o Massacre de Felisburgo completa 13 anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), lança uma campanha para localizar o líder da ação e dono da fazenda ocupada, Adriano Chafik Luedy, condenado a 115 anos de prisão em 2013, mas que desde maio deste ano é considerado foragido da justiça.

O Massacre aconteceu em novembro de 2004 quando cinco trabalhadores rurais foram mortos e outros 12 ficaram feridos, após ataque de Luedy e outros 18 pistoleiros ao acampamento Terra Prometida, do MST, no pequeno município do nordeste de Minas Gerais.

Cartazes e também outdoors serão espalhados por cidades mineiras e também no sul da Bahia, onde Luedy tem propriedades, pedindo às pessoas que o identifiquem e denunciem seu paradeiro.

Segundo Enio Bohnenberger, da direção nacional do MST, a violência contra trabalhadores rurais e a impunidade desses crimes são formas de garantia do latifúndio:

“Esse crime, como a maioria dos crimes na luta pela terra, continua um crime impune. Os assassinatos sempre foram uma forma do latifúndio se fundar e se estruturar. A violência tem sido uma constante desde os primórdios do Brasil. Nós temos mais de 50 assassinatos nesse ano no campo brasileiro. A morosidade e a garantia da impunidade tem sido uma constante ao longo da história.

O dono da fazenda Adriano Chafik Luedy e o gerente do local na época, Washington Agostinho da Silva, foram condenados pelo juiz Glauco Soares Fernandes, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), em Belo Horizonte.

Após uma série de recursos da defesa do fazendeiro, a Procuradoria Geral do Estado de Minas Gerais (AGE) decretou a prisão de Luedy, acatada pelo juiz Jorge Mussi, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em maio de 2013.

Integrantes do Movimento Sem Terra, acreditam que o fazendeiro possa estar na Bahia.

A área onde aconteceu o Massacre, chamada fazenda Nova Alegria foi ocupada pelo MST em 2002. À época, o Ministério Público (MP) afirmou que as terras eram públicas. O Instituto de Terra de Minas Gerais, inclusive, já havia decretado 567 hectares da propriedade como terra devoluta, ou seja, uma propriedade considerada do Estado e que, por isso, deveria ser devolvida ao poder público.

No ataque foram vitimados: Iraguiar Ferreira da Silva, 23 anos; Miguel José dos Santos, 56 anos; Juvenal Jorge da Silva, 65 anos; Francisco Ferreira Nascimento, 72 anos; e Joaquim José dos Santos, 48 anos. O acampamento também foi queimado pelos assassinos, destruindo barracos, a escola, a casa de sementes utilizadas no plantio, entre outros pertences dos Sem Terra.

Por medo de represálias, Eni, moradora do assentamento Terra Prometida do MST,  prefere ocultar sua verdadeira identidade, mas afirma que a tragédia já era dada como certa pelos trabalhadores rurais, que conviviam com constantes ameaças.

“O massacre foi uma tragédia anunciada. Nós vivemos dois anos de ameaça e durante esses dois anos nós fizemos denúncias no Ministério Público, na Polícia, onde foi possível fazer. E toda a região sabia que Adriano anunciava que iria lá matar os Sem Terra”, denuncia.

A área ainda aguarda a assinatura do decreto que garante sua desapropriação para interesse social. Mesmo assim, o assentamento Terra Prometida se tornou o principal produtor de alimentos para os cerca de seis mil habitantes do pequeno município de Felisburgo.

Fonte: Brasil de Fato.

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