A mídia brasileira bem que tentou vender a ideia de que a eleição na Venezuela estava indefinida. Com base em pesquisas manipuladas, ela saudou o crescimento da candidatura do ricaço Henrique Capriles, apresentado como “jovem”, “dinâmico” e outras bajulações, e garantiu que o presidente Hugo Chávez, sempre tratado como “ditador” e “populista”, estava em queda. Agora, na reta final do pleito – que ocorre neste domingo (7) –, ela é forçada a reconhecer que estava mentindo e já dá como certa a vitória do líder bolivariano.
Em seu editorial de ontem, o Estadão jogou a toalha. Após atacar o “caudilho” e elogiar o “hiperativo” direitista, o jornalão afirma que “a aposta mais segura ainda é na vitória de Chávez. O mais confiável dos levantamentos deu-lhe 10 pontos de vantagem na semana passada. Dos seis institutos empenhados em colher as intenções de votos dos 19 milhões de eleitores dessa nação polarizada até a medula, apenas um registrou empate técnico entre os contendores, com vantagem mínima para Capriles”.
O discurso dos golpistas derrotados
Apesar da confissão da derrota, o Estadão já adota o discurso dos golpistas venezuelanos de questionar o resultado das urnas. “Como ficará o país, no terceiro mandato de um governante autocrático sob o risco de uma recidiva do câncer que o acometeu? (…) O cenário é de instabilidade política, sejam quais forem os números proclamados pela autoridade eleitoral”. O jornalão conservador, que apoiou o fracassado golpe de abril de 2002, afirma na maior caradura que o líder bolivariano pode levar o país “a uma guerra civil”.
A Folha, em editorial no domingo, também já havia lamentado a derrota do seu candidato. “Capriles cresce nas pesquisas, mas Chávez intensifica a campanha em seu estilo autoritário e é o favorito”. Para a famiglia Frias, a vitória do bolivariano deriva do “abandono de qualquer resquício de responsabilidade fiscal para irrigar com verbas públicas os projetos sociais. As ‘misiones’, como são conhecidas tais iniciativas, transformaram-se, pelas mãos do marqueteiro petista João Santana, no maior trunfo da campanha presidencial”.
2.131.332 razões para reeleger Chávez
Os argumentos da mídia “privada” contra Chávez são patéticos. Revelam todo seu elitismo e reacionarismo. Para ela, os programas sociais, que reduziram drasticamente a miséria na Venezuela, representam “gastança pública” e “populismo” – o mesmo argumento da oposição demotucana no Brasil. A mídia rentista preferia o período em que os recursos da petroleira PDVSA enriqueciam a elite burguesa que reside em Miami. Daí a sua aposta no ricaço Henrique Capriles, que também é dono de veículos de comunicação.
Até Clóvis Rossi, ácido crítico dos governos de esquerda a América Latina, reconhece que “há exatamente 2.131.332 razões para acreditar que Hugo Chávez tende a ser re-reeleito presidente. É o número de pessoas que deixaram a pobreza nos 13 anos de reinado deste militar de 58 anos, caudilho por excelência. Quando Chávez ganhou sua primeira eleição, em 1998, a Venezuela tinha 11.212.273 pessoas em situação de pobreza, das quais 4.523.392 eram extremamente pobres. Em 2011, os números caíram para 9.080.941 e 2.450.621”.
A famiglia Frias, que emprega o jornalista Clóvis Rossi, parece que não enxerga estas mudanças sociais!
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