Massacre de Curuguaty segue sem resposta

Por Mariana Serafini.

Manifestação organizada por movimentos sociais, partidos da esquerda e campesinos, na noite de terça-feira (15), reuniu centenas de pessoas na praça do Panteón de Los Héroes, em Asunción, para exigir respostas do Estado sobre o que realmente aconteceu em Curuguaty.

O massacre de 17 pessoas – 11 campesinos e seis policiais – é um dos principais fatores que levaram o presidente eleito, Fernando Lugo, a ser deposto. Mesmo passados sete meses, a justiça ainda não apresentou informações contundentes sobre o caso.

“Que Pasó em Curuguaty?” é a pergunta que não cala em todo o Paraguai. Apesar de o promotor Jalid Rachil ter fechado oficialmente a investigação sobre o caso, pouco se sabe a respeito do que realmente aconteceu no confronto entre policiais e campesinos na região de Marina Kue.

Na ocasião foi exibido o documentário “Detrás de Curuguaty”, produzido de forma independente pela jornalista Daniela Candia. O material conta com uma série de denúncias extraoficiais que sequer foram analisadas pelo promotor. Candia entrevistou as famílias dos campesinos mortos, e também, campesinos que desde o massacre estão presos, mesmo sem provas concretas da participação deles na morte dos militares.

Pessoas que presenciaram o confronto acreditam que haviam franco-atiradores no local, afinal, os seis policiais morreram com tiros certeiros e atingidos por armas de alto calibre enquanto os campesinos possuíam apenas escopetas. Além disso, pouco se fala a respeito da investigação da morte dos 11 trabalhadores rurais. A justiça colocou o foco da investigação todo no caso dos militares mortos.

Segundo entrevistados do documentário, além das 11 mortes, outros campesinos foram torturados e mortos depois do confronto e essas informações não foram reconhecidas pela justiça. Outro destaque do vídeo é a morte do camponês Vidal Vega que aconteceu dia 1º Dezembro, o fato foi presenciado pela esposa e filhos, na casa dele em Yby Pyta 1 em Curuguaty. Vega era considerado um “arquivo vivo”, por ter presenciado cenas do confronto e ter informações importantes a respeito.

O ato reuniu os quatro candidatos das eleições gerais de 2013 que representam a esquerda paraguaia. Aníbal Carrillo da Frente Guasu, Eduardo “Coco” Arse, do Partido dos Trabalhadores, Lílian Soto, representante do movimento Kuña Pyrenda, e Mario Ferreiro, da Frente Avanza País.

Quando o massacre completou seis meses a população foi às ruas em grande passeata, cerca de 5 mil pessoas, a pergunta era a mesma, “Que Pasó em Curuguaty”. Passado um mês, mais uma manifestação, o povo paraguaio exige a liberação dos 12 prisioneiros e colaboração para manter as famílias das vítimas. Sem respostas, os movimentos sociais esperam contar com solidariedade internacional para a resolução do caso.

Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/01/massacre-de-curuguaty-segue-sem-resposta.html?spref=tw

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