O levante conservador

eleiçoes 2 turnoPor Thiago Burckhart.

O resultado do primeiro turno das eleições mostram o crescimento de uma onda conservadora no país, que cresce diariamente alimentada pelos discursos de ódio, ou seja pelo fascismo. Essa triste realidade transformou o Congresso Nacional naquele com a composição mais conservadora desde 1964, o que dificilmente se fará com que pautas liberais sejam discutidas e votadas, nos afundando ainda mais no conservadorismo retrógrada. O aumento de bancadas, como a dos evangélicos e a ruralista, se coloca como um grande risco para a democracia brasileira e para o Estado Laico, que caminham em sua consolidação com passos de tartaruga.

As Jornadas de Junho de 2013, a princípio soaram como uma nova possibilidade de construção democrática, como uma possibilidade de emergirem novas lideranças no movimento para atender às inúmeras pautas de reivindicações que emergiram naquele momento. Contudo, não foi isso que aconteceu. Após a dissolução do movimento, pôde-se verificar que as massas foram facilmente manipuladas pela Direita, através dos grandes meios de comunicação, resultando em um levante fascista que prega o ódio ao governo de situação e se junta irracionalmente à oposição de direita. Daí se explica o aumento do fundamentalismo religioso, do ódio aos homossexuais, negros, índios e mulheres (entre outras minorias), da intolerância com o “diferente” que são marcas nítidas de um fascismo social.

O grande oligopólio da comunicação brasileira elitista e opulenta se mostra também como uma grande inimiga da consolidação da democracia, pois introjeta na subjetividade social o fascismo em doses diárias e cada vez mais fortes. A manipulação ocorre de forma tão violenta que ela é capaz de extirpar a subjetividade do sujeito, transformando-o em um agente em prol dos interesses do grande capital, incapaz de pensar autonomamente, incapaz, portanto, de ser um ser ético. Em vez de ensinar as pessoas a pensar e a construir livremente suas próprias convicções, o grande oligopólio midiático já entrega tudo pronto e pensado, basta que o sujeito reproduza sem pensar. Esse é um dos grandes problemas de nossos tempos, que já Hannah Arendt enunciava no livro “A Condição Humana”, ou seja, a incapacidade do ser humano de pensar; foi isso o que causou, por exemplo, o holocausto e as grandes barbáries do século XX.

De fato, o projeto de democracia brasileira passa por um momento muito frágil, e na figura de Aécio Neves como presidenciável representa um grande retrocesso para as tímidas conquistas sociais que houveram na última década. Sua aliança com os setores mais conservadores, reacionários e parasitários da política brasileira representa um retrocesso em diversas áreas do Brasil: na economia, com o neoliberalismo e a “privataria”; na área social, com os cortes em investimentos públicos; nos direitos trabalhistas, com a relativização dos mesmos; no meio ambiente, com a exploração de recursos com o objetivo de lucro; nas relações internacionais, com o realinhamento com o ALCA e FMI, e o retrocesso na integração latino-americana, entre outros.

De fato o povo brasileiro está mais conservador, a ascensão da classe trabalhadora nos últimos anos a fez cultivar valores neoliberais, de modo a desacreditar na coisa pública, na Política e mesmo na Democracia. Torna-se necessário recuperar a capacidade reflexiva, acreditar na política e no bem comum. Nessa conjuntura política já se sinaliza que nos próximos quatro anos, lutar pela lucidez política não será nada fácil, contudo, independente de quem ganhar as eleições presidenciais, esse será um grande desafio.

Thiago Burckhart é estudante de Direito.

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