Justiça social em Santa Catarina

sem aguaPor Raul Longo.

Parece mentira, ninguém acredita, mas é a pura verdade! Enfim a justiça social chega a Santa Catarina e pelas mãos de um governo de direita. Nada mais nada menos do que o PSD de Jorge Bornhausen, dessa vez representado por Raimundo Colombo do mesmo partido.

Em Santa Catarina todos os partidos representam Bornhausen, mas Raimundo Colombo é filho legítimo e como todos os demais governadores anteriores a ele, bastardos do PMDB ou do PP, também prometeu a solução da eterna falta de água no litoral catarinense a cada final de ano. E como todos os outros só cumpriu com o prometido para turistas de bairros como Ingleses, Canasvieiras e Jurerê.

O resto que se lascasse, pois já que a imprensa monopolizada pelo Grupo RBS não iria dizer nada mesmo, a água potável pela qual a conta da CASAN – Companhia de Água e Saneamento do Estado de Santa Catarina em alguns casos supera a do consumo de energia elétrica, sumia das torneiras dos bairros mais pobres para jamais faltar naqueles que abrigam os privilegiados.

Com a decadência econômica da Argentina promovida pelo Carlos Menem, amigo pessoal do Fernando Henrique Cardoso que é amigo pessoal do Bornhausen, ficou tudo na mesma turma e os redutos dos turistas argentinos, exatamente Ingleses e Canasvieiras, parece que também acabaram experimentando do processo seletivo no exercício de competência da CASAN. Digamos que a Companhia sofreu uma expansão de incompetência, mas que, evidentemente, não atingiu o Jurerê.

O Jurerê, não! O Jurerê é sagrado! Afinal, em Jurerê a creme de la creme! A nata! A gema! E fossem filhos bastardos como o anterior Luís Henrique da Silveira do PMDB ou legítimos como o Raimundo Colombo do PSD, com todas as promessas ditas e repetidas ao longo de todos os anos, nada mais certo e fatal do que a invariável realidade de que para as piscinas do Jurerê Internacional jamais faltaria água por mais que todo o restante da capital do estado e muitas cidades das cercanias e de todo o litoral fedam à falta de banho, a cesto de roupa suja e louças e panelas amontoadas em pias de cozinhas de casas sujas e encardidas.

Apesar dessa realidade “tisnada” como se diz no vocabulário do Manezinho da Ilha, de Raimundo Colombo há de se reconhecer que como nenhum outro investiu em coloridas e vistosas promessas de solução desde o primeiro ano em que assumiu o governo do estado. Foram desenhos animados, jingles, filmetes e muita inserção de minutos e minutos de desculpas preventivas da invariável e inevitável falta de água no final de ano.

A tática ficou até bastante clara e evidente à população: em meados do ano, através de releases e comunicados da CASAN, corroborados por matérias e notícias da imprensa local (leia-se Grupo RBS), convence-se a toda população de que o governo e a Companhia investem enormes esforços para resolução total e definitiva do problema já naquele ano.

Mas quando a temporada se aproxima, já nas vésperas entram as propagandas produzidas nos melhores estúdios de São Paulo e Rio de Janeiro para então convencer ao catarinense que a água faltará em sua torneira porque não foi suficientemente prevenido para instalar reservatórios, ou porque tomou banhos demais, por culpa do São Pedro, por uma virose que tornou o vaso sanitário muito concorrido e o absurdo que ocorrer ao estrategista de marketing disponível no momento.

Esse ano a responsabilidade recaiu sobre as visitas de amigos e parentes através da superprodução de um filmete para o qual pagaram o cachê de tipos bizarros que reportam ao filme Big Fish ou Peixe Grande.

Uma beleza a propaganda do Raimundo Colombo, mas a maior surpresa, o realmente inesperado é que neste ano do Senhor de 2013, enfim, se promove a justiça social em Santa Catarina.

Ainda há pouco o governador em pessoa apareceu ao lado de um cacimbado dizendo que graças aquele açude construído com o auxílio de verbas obtidas por sua administração junto a governos internacionais, água não mais faltaria aqui e acolá, mas na verdade aquele pouco mais do que um olho d’água não entusiasmaria nem mesmo a cidadão do Cocorobó no alto sertão baiano ou do Cariri da Paraíba, e os catarinenses ficaram tentando descobrir a quem o governador pretendia enganar se não há quem não saiba que em final de ano água só não falta na piscina e na banheira de magnata do Jurerê.

Jurerê sem água? Jamé!!!!

Pois nesta véspera de ano eleitoral Raimundo Colombo enfim promove a maior afirmação de justiça social já ocorrida em Santa Catarina. Embora todo mundo a imaginasse mitológica ou inviável, Raimundo Colombo prova que a justiça social catarinense existe: neste ano a infalível e esperada falta de água atingiu também os burgueses do Jurerê!

Viva Colombo, o justiceiro! Se é pra desgraçar alguém que nos desgracemos todos!

Foto: Mazuryk Mykola

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