Jambu amazonense agora é patente estadunidense

jambuJambu amazonense De acordo com o professor, as pesquisas agora se voltaram para três outras plantas que também apresentam alcalóides com propriedades semelhantes ao spilantol

Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) abandonaram três meses de estudos sobre as propriedades anestésicas do jambu porque uma patente registrada nos Estados Unidos os impediam de lançar no mercado uma pomada bucal, de uso odontológico. As pesquisas eram realizadas a partir da substância spilantol, presente no jambu, cujo nome científico é Spilhantes acmella, planta muito utilizada na culinária amazônica como ingrediente para o tacacá e o pato no tucupi.

Segundo o orientador das pesquisas sobre o jambu, professor de fisiologia humana Renilto Frota Corrêa, da Ufam, a planta é típica de regiões de trópicos úmidos, como a Amazônia, e não existe nos Estados Unidos. No entanto, quando os pesquisadores foram verificar os sites de patentes encontraram 15 delas registradas nos Estados Unidos e 34 na Europa.

A substância spilantol é descrita nessas patentes como apropriadas para uso anestésico, anti-séptico e ginecológico, com diversos produtos no mercado, vendidos como remédios e cosméticos. “Toda patente precisa descrever uma novidade tecnológica e sua destinação, e nossos estudos já estavam descritos pelos americanos desde setembro de 2007”, afirma Renilto, dizendo que a consulta ao site foi feita em dezembro último, poucos meses depois de os americanos registrarem a patente.

Segundo o professor, as pesquisas agora se voltaram para três outras plantas que também apresentam alcalóides com propriedades semelhantes ao spilantol, para tentar lançar no mercado um anestésico local, de uso tópico, que elimine a necessidade da seringa no consultório odontológico. Segundo Renilto, as espécies dessas outras plantas são mantidas em segredo para garantir o sigilo do conhecimento até que tenha sido devidamente patenteada.

Para o professor, o episódio ocorrido com o jambu demonstra que o conhecimento ancestral dos povos da Amazônia precisa ser mais estudado por pesquisadores locais para não ficarmos dependentes de tecnologia estrangeira, principalmente de produtos que são nossos. Ele destaca ainda a necessidade de o cientista consultar os sites de patentes quando for desenvolver algum trabalho cientifico, para evitar de “reinventar a roda”, ou seja, fazer pesquisa já descrita e patenteada.

Renilto chama a atenção para o fato de as propriedades anestésicas do jambu serem conhecidas da população local, que usa suas folhas e flores diretamente sobre o dente que está doendo para aliviar a dor. “Esses conhecimentos hoje estão divulgados na Internet e deixaram de ser tradicionais para serem universais, antes mesmo de os pesquisadores brasileiros estudarem suas propriedades e patenteá-las”, afirma o professor.

Anti-rugas

O alcalóide spilantol, presente no jambu, recebeu várias patentes nos Estados Unidos e Europa para usos diversos que vão de remédio a cosméticos. Entre os estudos realizados no exterior com a substância, está um que pretende criar um botox menos tóxico que o produzido pela bactéria botulínica e causa risco de morte para as pessoas. O spilantol é descrito como um cosmético anti-rugas por inibir as contrações dos músculos subcutâneos, em especial os do rosto, assim como o botox usado no tratamento de rejuvenescimento.

Outras patentes registram o spilantol como uma substância eficaz no tratamento da queda de cabelo e no amaciamento da pele, além de possuir propriedades desodorantes. Uma patente descreve um produto destinado ao banho, que deve ser feito com bolhas para tratamento de pele, inibindo o surgimento de sardas e manchas. Outra propriedade do alcalóide não passou despercebida pelos pesquisadores estrangeiros; tanto que uma patente registra que o spilantol produziu o fim da arritmia quando injetado no coração de um coelho.

Fonte: Jornal Repórter.

Imagem: Mapa da Cachaça.

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