Greve de mineiros na África do Sul resiste a pressões da Lonmin e do governo

 Sul 21.- Milhares de trabalhadores em greve na mina de Marikana, na África do Sul, estão preparados para desafiar a data limite (já prorrogada) para retornarem ao trabalho imposta pela mineradora Lonmin. Aos mineiros, juntaram-se esposas, namoradas e apoiadores, em uma mostra de solidariedade, após as tentativas fracassadas do governo de tentar promover um acordo entre a gerência, os sindicatos e os trabalhadores.
Uma nova data limite foi estabelecida horas atrás, mas não há sinais de que a greve acabe ou seja furada. Ao invés disso, as manifestações em Marikana, localizada 100 km ao norte de Joanesburgo, parecem estar se espalhando para outras minas.
O que começou como uma disputa industrial sobre pagamentos, pois os trabalhadores demandavam um salário de cerca de U$1.500 (cerca de 3 mil reais e o dobro do que recebem no momento), se tornou agora uma crise política para o presidente sul-africano Jacob Zuma.
Julius Malema, líder expulso da ala jovem do partido ANC (Congresso Nacional Africano, na sigla em inglês), falou às multidões presentes na mina Gold Fields (leste de Joanesburgo), onde a maioria dos 15 mil mineiros também encontram-se em greve. “A greve em Marikana deve se estender a todas as minas”, disse ele.
“R 12.500 (U$ 1500) é uma realidade. Eles devem saber, os chefes das minas, que se ele não aceitarem suas demandas, paralizaremos nossas atividades cinco dias a cada mês para exigir os R12.500”, completou Malema.
O comitê trabalhista de mediação prorrogou o prazo máximo para que os trabalhadores da terceira maior mineradora de platina do mundo retornem ao trabalho. O comitê disse que “a ajuda depende do retorno de todos ao trabalho” e ainda ameaçou deixar os mineiros sozinhos nas negociações com a gerência da empresa.
Enquanto os líderes do país têm sido criticados, Zuma tem rebatido as críticas lançando uma comissão judicial de inquérito. Segundo correspondentes da Al Jazeera, tal comissão será ampla. “Irá analisar as ações da polícia e as alegações de truculência por parte dos policiais ao conter a greve no dia (16 de agosto, quando mineiros foram fuzilados pela polícia), e para com os grevistas que foram presos e ficaram sob custódia durante semanas”.
De acordo com a empresa jornalística do Catar, a comissão de inquérito lançada por Zuma também vai avaliará se a Lonmin poderia ter feito algo para evitar o impasse, o comportamento dos sindicatos e se o governo poderia ter previsto e evitado os acontecimentos cujos desdobramentos ainda não cessaram.

Com informações da Al Jazeera.

Foto: População adere à greve em solidariedade aos mineiros |  Reprodução/ Al Jazeera

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