Governo na corda bamba

Corda bambaPor Dinovaldo Gilioli.

A menos de um mês na presidência do Brasil, o “governo de salvação nacional” terá que se virar para conseguir salvar (talvez) o seu mandato provisório. Além de sua baixa popularidade, Michel Temer acumula desgaste e falta de credibilidade.

A divulgação de diálogos do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, derrubou o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o da Transparência, Fabiano Silveira. Na gravação, Jucá sugeriu que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff poderia deter a Operação Lava Jato.

O novo líder do governo na Câmara dos Deputados, André Moura, da tropa de choque de Eduardo Cunha, é investigado por tentativa de homicídio e réu na Lava Jato.  Após ser criticado pela ausência de mulheres na sua gestão, Temer indicou Fátima Pelaes para Secretaria de Política para Mulheres. Ela é suspeita de participar de uma articulação criminosa.

Situação que complica ainda mais o presidente em exercício é o recente pedido de prisão feito por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, dos senadores Renan Calheiros, José Sarney e Romero Jucá, e do deputado federal Eduardo Cunha. Todos da alta cúpula do partido de Michel Temer, o PMDB.

Além dessas questões, a base aliada que garantiu a admissibilidade do impeachment da presidenta afastada cobrará caro pelo serviço. Qualquer deslize no atendimento de interesses desses grupos, ou isoladamente, pode não garantir o afastamento definitivo de Dilma. O senador Romário renunciou à comissão do impeachment, fazendo críticas a Temer.

Quem prometeu apaziguar e unificar o país, não deverá ter sossego. Continuará enfrentando intensas mobilizações, também em repúdio a medidas retrógradas que pretende aplicar. Tais como, o retorno da privatização em setores estratégicos para o Brasil e a redução de direitos trabalhistas.

Ou seja, Michel Temer terá muita dificuldade de se equilibrar na corda bamba em que se transformou seu carcomido governo provisório. Se divulgados na íntegra os diálogos de Sérgio Machado, de seu filho Expedito Machado Neto e de outros delatores, poderão surgir novos fatos inesperados.

Dinovaldo Gilioli é escritor.

Imagem: paseoaleatorio.com

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