Fator Kátia Abreu muda o humor de jornalistas e apresentadores da Globo

A troika Temer, Cunha e Sarney não segura o PMDB?

Por Talis Andrade.

Conexão Jornalismo – O tom de euforia com que o jornalismo da Globo conduziu na terça-feira (29) seu noticiário, com a decisão de parte do PMDB de desembarcar do governo, mudou radicalmente na quarta-feira (30). Sem a certeza de que o maior partido da base aliada garanta, em bloco, seus mais de 60 votos para aprovar o impeachment de Dilma Rousseff, a expressão facial de repórteres e apresentadores, se não chegava a ser de velório, lembrava a de visitantes na ante sala de uma UTI – pura apreensão.

A razão maior do desânimo é justificável: chegou via Katia Abreu. A ministra da Agricultura foi apanhada por um fotógrafo da Folha de São Paulo quando mandava mensagem via celular. Nela, a amiga pessoal da presidenta Dilma avisava a um interlocutor que ela e outros cinco ministros haviam decidido não deixar o governo. Assim, o grupo isolaria e desmoralizaria Michel Temer.

O flagrante aconteceu em momento contraditoriamente festivo envolvendo Dilma Rousseff: foi durante a cerimônia de lançamento da terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida, no Palácio do Planalto.

No texto, Kátia Abreu afirma que a decisão foi tomada “ontem à noite” e cita o local: “casa de Renan”, numa referência à residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). E mais: avisa que os ministros iriam se licenciar do PMDB para evitar uma eventual punição da direção partidária.

Fazendo uma conta aproximada, que a Globo também fez, é possível chegar a um número realista. Representante maior da Frente Parlamentar Agropecuária, Kátia tem ascendência sobre aproximadamente cem deputados (entre 85 e 129) e dezoito senadores. Deste universo, cerca 30% seguiriam fielmente sua posição e permaneceriam apoiando o governo – Boa parte dos parlamentares agrupada ao PMDB.

Mas não é apenas a inconfidência de Katia Abreu que alterou o humor na Globo. Seu maior inimigo no Rio, Anthony Garotinho, tem agora a faca e o queijo na mão para exercer sua liderança e tentar reunir o maior número de votos do PR em favor do governo. E motivos não faltam: isolaria os desafetos e inimigos naturais do PMDB: Cunha, Cabral, Paes, Pedro Paulo, Temer, Pezão e outros mais. Além disso, a derrota da Globo na aventura do impeachment daria um cacife maior ao político campista nas futuras eleições.

Fonte: Talis Andrade /Jornaleiro

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