Faltam respostas para a imprensa. Por Claudia Weinman.

 Por Claudia Weinman, para Desacato. info.

A reportagem do Portal Desacato, desde o início da pandemia, vem registrando a realidade pandêmica em todo Brasil. No interior do estado de Santa Catarina, onde a regional Oeste da Cooperativa Comunicacional Sul está localizada, o acesso às informações de interesse público tornou-se algo realmente difícil, considerando a burocracia que se estabeleceu para a garantia de tal direito.

Exemplo disso foram os questionamentos encaminhados para quatro e-mails diferentes, direcionados à imprensa, ao executivo e a secretaria de saúde do município de São Miguel do Oeste, solicitando um posicionamento tanto do prefeito Wilson Trevisan, como gestor do município, quanto da secretária de Saúde, Geni Girelli.

O pedido de informação foi encaminhado nos dias 9/12, 14/12 e 16/12, nos seguintes endereços: [email protected], [email protected], [email protected] e [email protected]. O município de São Miguel do Oeste faz parte da região considerada de risco, segundo o Centro de Operações e Emergência em Saúde (Coes), matriz atualizada na sexta-feira, dia 18 de dezembro de 2020. Além da média diária de casos ter sofrido um aumentado expressivo, de 30 a 40 novos casos, a assessoria do Hospital Regional Terezinha Gaio Basso publicou no mesmo dia 18, a informação de que o município enfrenta a lotação máxima de leitos destinados a pacientes com covid-19. Esse número tem variado no decorrer dos dias e a situação é preocupante.

As informações do Centro de Operações e Emergência em Saúde dão conta de que: “Todas as regiões do estado estão em risco potencial Gravíssimo ou Grave para COVID-19. Quinze regiões do estado encontram-se em nível GRAVÍSSIMO de risco para COVID-19 e a região de Xanxerê está classificada com nível Grave. A classificação permanece semelhante há quatro semanas consecutivas. Com a atualização da matriz, cada dimensão deve ser interpretada como um sinal de alerta. O aumento do risco em cada uma delas motiva o aumento do risco da região, e deve ser considerada na priorização da atuação local. Todas as regiões encontram-se em alerta máximo para a ocupação de leitos de UTI. Há necessidade de cancelar a realização de cirurgias eletivas, colocar em funcionamento todos os leitos disponíveis, ampliar ações de identificação de manejo precoce de casos e investir em restrição de contato entre as pessoas para que haja redução da ocupação em médio prazo”.

Imagem via: Centro de Operações e Emergência em Saúde.

No entanto, mesmo com a situação gravíssima em todo território catarinense, as medidas de prevenção à contaminação não foram executadas. Na quinta-feira, dia 17, mesmo dia em que foi divulgado pela assessoria de imprensa do município de São Miguel do Oeste que o prefeito da cidade havia testado positivo para a covid-19, um vídeo circulou nas redes sociais virtuais mostrando a aglomeração nas ruas.

Em razão da falta de resposta, a reportagem do Portal Desacato estará abrindo um procedimento administrativo para requerer as informações que necessita para execução de seu trabalho jornalístico. As questões evidenciadas nos endereços de e-mail: [email protected], [email protected], [email protected][email protected], foram as seguintes:

Bom dia! Solicito, enquanto jornalista do Portal Desacato, atuando na garantia do direito humano à informação, alguns dados referentes ao cenário de pandemia no município de São Miguel do Oeste/SC.

Peço que este e-mail seja encaminho para Secretária Geni Girelli e ao Prefeito Wilson Trevisan e solicito posicionamento de ambos.

1- Considerando o aumento expressivo de casos novos, quais medidas estão sendo pensadas?

2- Existe alguma política de contenção para se evitar a contaminação em escala?

3- Existe fiscalização para o uso de máscaras? Considerando que, ao andar pelas ruas e comércio, é possível ver que um grande número de pessoas não faz uso da máscara e encontram-se aglomeradas nos bares e restaurantes da cidade. Existe alguma medida para que o uso seja obrigatório e siga as recomendações da OMS?

4- Como são aplicados os testes de covid-19, quando dos primeiros sintomas que a pessoa apresenta?

5- Quantos dias a pessoa fica em isolamento desde os primeiros sintomas?

6- Quando uma pessoa é afastada de um comércio onde trabalha, por exemplo, com suspeita de contaminação, é oferecida testagem para as demais pessoas que trabalham com ela? O local é isolado ou se mantém o trabalho normal até que outra pessoa apresente sintomas?

7- Qual é o laboratório responsável pelos testes de covid-19 em São Miguel do Oeste, de onde é, como foi a forma de contratação do mesmo e como são coletados os dados para a divulgação diária do Boletim Epidemiológico?

8- Qual é o índice de testagem/dia no município de São Miguel do Oeste? Quantos testes o Estado envia e quantos o município dispõe? Qual o valor em dinheiro investido pelo município na testagem da população?

9- De que maneira a gestão do município vai garantir a segurança da população em um cenário de lotação dos hospitais da região, inclusive, do próprio município de São Miguel do Oeste?

Aguardo. Att; Claudia Weinman – Jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul.

A reportagem aguarda um posicionamento para informar, a partir das dúvidas que possui, conforme é de direito de todo cidadão e toda cidadã.

Dados do Comitê

Nessa terça-feira, dia 22, depois de vários dias sem respostas para a reportagem, algumas informações sobre as ações de combate a contaminação em escala foram publicadas na página oficial do município de São Miguel do Oeste/SC e dão conta de que:

“DATAS DE FIM DE ANO PODEM AGRAVAR AINDA MAIS A TRANSMISSÃO DE COVID-19
Comitê de Crise de São Miguel do Oeste anunciou o aumento da fiscalização e da capacidade de atendimento no Centro de Triagem, e orienta que as aglomerações e grandes reuniões de família sejam evitadas. O Comitê de Crise da Covid-19 em São Miguel do Oeste esteve mais uma vez reunido na tarde desta segunda-feira (21), no Salão Nobre da Prefeitura, ocasião em que foram alinhados alguns detalhes sobre o enrijecimento das fiscalizações de cumprimento das medidas sanitárias vigentes, neste período de fim de ano.
No horário comercial, até às 18h, a Vigilância Sanitária Municipal realizará uma operação contínua de vistorias, a fim de assegurar a utilização correta de álcool em gel e máscara, e os cuidados para que seja mantido um distanciamento mínimo. Após este horário, a incumbência será da Polícia Militar, a qual já organizou uma guarnição específica, e fará um forte trabalho de fiscalização e dispersão de aglomerações. Outra medida anunciada pelo Comitê é a ampliação da equipe do Centro de Triagem, localizado no Salão Paroquial da Igreja Matriz. Desde sua instalação, ainda no final do mês de março, a estrutura física foi adequada para suportar o atendimento simultâneo de até três consultórios médicos. Entretanto, até o momento, em virtude da demanda, somente um estava em operação. Nesta segunda-feira (21), o segundo deles foi ativado. Também foram reforçadas as equipes de coleta de exames e de Epidemiologia. A decisão leva em conta o expressivo aumento no número de casos ativos de covid-19 no município. Dados da Vigilância Epidemiológica apontam que somente nos últimos 30 dias, os casos diagnosticados aumentaram 70%. A maior parte está entre a faixa etária nos 20 aos 49 anos.

O Comitê alerta que todas as pessoas precisam manter os cuidados, mas, de forma mais incisiva, o público desta idade, que pode estar circulando mais e acabar infectando pessoas mais idosas e com comorbidades, nas quais o vírus tem se revelado em sua forma mais grave, e até fatal. Outra orientação é para que as pessoas evitem grandes reuniões de família nas datas de fim de ano, limitando-as ao seu núcleo familiar, e que, aos primeiros sintomas de covid-19, saiam de casa somente para procurar um médico e mantenham o isolamento. Em dias úteis, o atendimento é das 08h às 12h e 13h às 17h, no Centro de Triagem, e fora destes dias e horários, na UPA 24h”.

O Governo do Estado de Santa Catarina também divulgou algumas restrições, no entanto, não sugerem medidas mais firmes para evitar a contaminação acelerada.

 

*O vídeo publicado nesta matéria foi divulgado nas redes sociais virtuais. 

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Claudia Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).

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