Em segunda derrota, Monsanto é condenada a pagar U$ 80 milhões a mais uma vítima de câncer

Foto: Reprodução

Por Suzana Camargo.

Mais uma decisão histórica. Dessa vez na Corte Federal dos Estados Unidos, instância mais alta da justiça daquele país. Ontem (27/03), depois de semanas de julgamento, a gigante multinacional fabricante de agrotóxicosMonsanto (comprada pela alemã Bayer, no ano passado) foi condenada a indenizar em U$ 80 milhões Edwin Hardeman, de 70 anos, diagnosticado com um linfoma não-Hodgkincâncer que afeta o sistema imune.

Durante 30 anos, Hardeman usou o herbicida Roundup no jardim de sua casa. O pesticida, fabricado pela Monsanto é o mais vendido do mundo inteiro. O americano aplicava a substância para tentar matar ervas daninhas e fungos nas árvores. Contou que, por algumas vezes, sua pele entrou em contato com o produto.

O americano é a primeira pessoa que consegue levar a empresa para a Corte Federal. Em 2018, o jardineiro DeWayne Johnson ganhou outra ação contra a companhia, mas havia sido numa corte da Califórnia. Ele também desenvolveu um linfoma não-Hodgkin, depois de trabalhar anos pulverizando o Roundup em jardins de escolas locais. Com lesões em mais de 80% do corpo, ele foi desenganado pelos médicos, que afirmaram que o câncer está em fase terminal.

Em agosto de ano passado, a justiça californiana decidiu que a Monsanto teria de pagar a ele uma indenização de US$289 milhões.

DeWayne Johnson, com os filhos, têm um câncer terminal  por causa de anos de uso do herbicida da Monsanto. Foto: Reprodução/Facebook

Milhares de outros casos aguardam julgamento

A decisão do júri dessa semana, em São Francisco, se torna um marco, já que o julgamento era considerado um “teste” para futuros processos contra a Monsanto/Bayer. Estima-se que existam mais de 9 mil outros casos similares, de pacientes com câncer, na fila da justiça.

Segundo o veridito, unânime, a Monsanto foi responsabilizada pelo câncer de Hardeman, já que não há dúvida sobre os malefícios do herbicida. Além disso, afirmou que o produto não tinha alertas suficientes sobre o câncer e que a empresa foi negligente ao não advertir seus consumidores sobre o risco.

“Como demonstrado durante o julgamento, desde o início do lançamento do Roundup, há mais de 40 anos, a Monsanto se recusa a agir com responsabilidade”, disseram os advogados de Hardeman, em um comunicado. “É claro pelas ações da companhia que ela não se importa se o agrotóxico causa câncer, mas foca apenas em manipular a opinião pública e minar quem levanta preocupações genuínas e legítimas sobre o Roundup.”

O Roundup tem como ingrediente principal o glifosato, que segundo relatório publicado em 2015, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pode provocar câncer em animais tratados em laboratório e é um potencial causador de alterações na estrutura do DNA e cromossomos das células humanas.

“O herbicida penetra nas células da pele, depois nos tecidos, no sistema linfático e no sangue”, explicou ao júri, um médico, testemunha de defesa de Hardeman.

A Monsanto sempre negou as acusações de que o produto seria cancerígeno, apesar de estudos apontarem tal fato. O glifosato é vendido tanto para uso caseiro, como para aplicação em grandes lavouras. Por isso mesmo, hoje sua contaminação cruzada pode ser encontrada praticamente em todos os alimentos que consumimos, e até, em bebidas (leia aqui pesquisa realizada recentemente com vinhos e cervejas).

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