Editorial

 

Florianópolis, 1 de setembro de 2014.

Dias atrás transmitimos ao vivo, de Florianópolis, o Seminário para Política Energética da Região Sul. Foi nesse encontro, onde houve representantes de diversas organizações sociais do Brasil, Argentina e Uruguai, que um estudante brasileiro declarou não suportar mais o pragmatismo; que precisava de ideologia. Não é menor essa manifestação. Maior se torna num período de tamanha indigência ideológica como esta campanha eleitoral da democracia representativa.

Em algum lugar se perderam debates, formação política, análises indispensáveis de conjuntura que permitem diagnosticar realidades. Há muito que os agentes políticos desfilam entre exatidões matemáticas, objetividades frívolas, reducionismos: devemos, fizemos, capturamos, construímos ou não pudemos, tanto quanto ou mais ou menos.

O poder influente dos comentaristas econômicos das fábricas de opinião e suas gráficas fazem com que números sejam revólveres. Os candidatos se tiroteiam falando nada, escutando nada, respondendo nada. A narrativa de campanha é publicidade apavorada pelos humores das pesquisas. Isso não é política.  E se a decisão não se escora em política, são a tecnocracia marqueteira e financeira que ditam a regra e decidem o pleito. Uma viagem retro à decadência da última década do século passado.

Ser deputado ou senador é só atributo pessoal. O sacro “eu fiz” garante idoneidade. Ter cara de santo é princípio programático. Lástima: aquilo intelectualmente mais pobre e improdutivo da nossa sociedade pode ser escolhido para nos representar. Não exigir democracia direta nas ruas leva a tal condição.

Brasil é um país continental. O maior país da única região do Mundo que foi capaz, minimamente, de plantar-se contra o imperialismo e o capitalismo selvagem. Minimamente, sim, mas o fez nos últimos 10 anos. É preferível analisar o processo eleitoral brasileiro à luz da influência na Nossa América esquecendo sua indigência ideológica. Em adiante faremos isso.

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