Direitos das Mulheres é tema central da “Jornada Acorda Maria”, no Instituto Estadual de Educação

Foto: Rubem Lopes. Sindsaúde-SC

Por Marcelo Luiz Zapelini, para Desacato.info.

A reforma da previdência é, na verdade, uma contrarreforma, aprenderam, ontem, 28, os secundaristas do Instituto Estadual Educação, na Jornada Acorda Maria, que ocorre até hoje, 1 de março, no auditório da instituição.

As convidadas discutiram com os alunos as consequências da Reforma Trabalhista no governo Temer e os impactos da Reforma da Previdência do governo de Bolsonaro para os jovens que estão a iniciar no mercado de trabalho.

Foto: Marcelo Zapelini

“Vão transformar (a previdência) em um instrumento de investimento. Estão quebrando a solidariedade entre as gerações. O modelo mais perfeito disso é o Chile”, alertou Edileuza Fortuna, Diretora do Sindsaúde-SC. Naquele país, tem se tornado comum o suicídio de idosos sem renda suficiente para sobreviver, 40 anos depois da instalação do modelo que se pretende para o Brasil.

Anna Julia Rodrigues, professora e presidenta da CUT-SC, analisou que a ‘contrarreforma’ vai contra a luta das entidades trabalhistas que defendem a equidade e paridade na aposentadoria, pois ela não discrimina ninguém: ninguém mais irá se aposentar. “Os aposentados vão perder renda com a desvinculação do salário mínimo”, alertou.

Exemplificou que os funcionários públicos inativos não receberão o mesmo valor dos ativos. “Quando todos os professores na ativa receberem reajuste, eu Anna Julia, que estou aposentada, não vou receber. O governo considera que, quem se aposentar não precisa de aumento e que morra com aquela remuneração”, criticou.

Edileuza contou que sua avó, aposentada antes de 1988, recebia metade de um salário mínimo, em situação diferente, sua mãe recebe salário integral, com as regras da Constituição Federal de 1988. “Como vai ser depois de 2019?”, questionou.

Os alunos receberam por sugestão participarem dos movimentos de 8 de Março, conversarem com os familiares e refletirem sobre o momento atual.

Questionada por um aluno sobre a necessidade de aposentadoria antecipada para as mulheres, Edileuza respondeu que parte da jornada da mulher não é remunerada. Por regra “quando um filho adoece, quem é que deixa o trabalho para cuidar dele? No hospital em que trabalho, quando chega um paciente, quem vai cuidar é a nora, quem vai cuidar é a filha, quem vai cuidar é a mãe. Não é o marido, não é o filho, é a mulher, que foi criada para ser cuidadora. E aí, a mulher recebe por esse trabalho?”

Acorda Maria

O Projeto I Jornada Acorda Maria promove ao longo desta semana atividades que visam envolver educadores e estudantes em debates sobre questões de gênero, repensando sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea.

Amanhã os debates vão envolver direitos negados às mulheres ao redor do mundo, desde segunda-feira já discutiram direito a educação, direito ao voto e participação política e direitos humanos das mulheres.

A iniciativa ainda conta com a parceria do coletivo 8M, que também atua em mobilizações em outras duas escolas municipais, segundo a professora Vanessa Fernandes, uma das organizadoras.

“Acorda Maria está se transformando em um coletivo, queremos tocar a proposta pelos próximos anos”, contou Vanessa. A iniciativa nasceu depois de uma organização inédita entre alunos e professores contra a reforma no ensino médio que atingiria o Instituto Estadual de Educação.

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