De Dakota até Ixtacamaxtitlán: a terra se defende

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Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

Tradução: Elissandro dos Santos Santana, para Desacato.info.

(Português/Español).

Nas últimas semanas, temos sido testemunhas da resistência organizada pelos Sioux no Norte de Dakota, nos Estados Unidos. O movimento Standing Rock implica a rejeição à construção de um oleoduto que cruzaria terras ancestrais, que provocaria danos irreparáveis e o medo de que qualquer vazamento possa contaminar a fonte de água da reserva.

Os sioux, juntamente com ativistas ambientais, veteranos estadunidenses e celebridades, lutaram contra as empresas e a polícia. Embora tenham vencido esta primeira batalha, a chegada de Trump à Casa Branca coloca outro desafio, uma vez que ele está interessado em construir o gasoduto na parte restante.

Energy Transfer Partners é a empresa que está por trás deste projeto com um orçamento de 3.800 milhões de dólares e busca unir Dakota do Norte com as refinarias em Illinois.

Na semana passada, vários ativistas sioux, em parceria com ativistas palestinos, mantiveram um webinar no qual se mostraram solidários com ambas as causas, pois todos são vítimas de um Estado ocupante que os despojaram de suas terras e busca fazer com que desapareçam por meio de uma limpeza étnica. O objetivo de unir estas lutas, levando-se em conta a relevância que obteve Standing Rock, é conectar coletivos em resistência dos referidos países e, dessa forma, lançar outras lutas que são mais antigas e que, seguramente, suas terras estão nas mãos das mesmas corporações.

Na atualidade, diversos grupos nativos no mundo mantêm resistência contra as corporações, apesar de não haver informações sobre estes movimentos. Esse é o caso do município de Ixtacamaxtitlán (estado de Puebla, México); pessoas estão sendo assediadas pelas empresas canadenses de mineração que buscam ouro. Ademais, esta área de Ixtacamaxtlitán e toda a Sierra Norte de Puebla estão ameaçadas pelos projetos do fracking que fraturam a terra e colocam em sério risco a água dessa parte e a todo o ecossistema.

Ixtacamaxtitlán é o município que viu nascer grande parte de minha família. Um lugar cercado por morros e cheio de vegetação. Sendo o quinto maior município do Estado, com 68 quilômetros quadrados de território e uma população de 25.326 habitantes, espalhados por 14 aldeias que não possuem mais de duas mil pessoas e por 114 comunidades que não têm mais de quinhentas pessoas; atualmente, tão somente 2.797 pessoas falam náhuatl.

Ixtacamaxtlitlán depende da agricultura e da pecuária.  Planta-se milho, maçã, pera e ameixa. Segundo estudos da empresa canadense, Almaden Minerals, “82 de cada cem homens vivem exclusivamente do trabalho no campo; uma de cada quatro pessoas vive em pobreza extrema, oito de cada dez possuem um rendimento abaixo da linha do bem-estar, um de cada cinco adultos é analfabeto, uma de cada três casas tem piso de terra e somente 0,3 por cento da população tem internet em casa” (http://www.almadenminerals.com/). Esta é razão pela qual o discurso minerador se fortalece, já que a mina, conforme o neoliberalismo, poderia trazer “progresso e desenvolvimento” para a comunidade.

Por que Ixtacamaxtitlán é atrativa para as mineradoras canadenses?

Em 9 de agosto de 2010, os geólogos de Almaden Minerals descobriram veios de ouro e prata na bacia superior do rio Apulco, região a que batizaram de zona Ixtaca. Desde então, eles queriam vender suas explorações a grandes corporações. De fato, promovem as terras no mercado de Toronto e de Nova Iorque como um conjunto de cem por cento de sua propriedade e qualificada como uma descoberta de alto risco pelo portal 24hgold.com.

Almaden Minerals tem dado palestras para as pessoas para convencê-las de seus beneficios; a empresa argumenta com suas próprias estatísticas de pobreza contrastando-as com o suposto desenvolvimento econômico e emprego que trará a mina. No entanto, “esquecem” de mencionar as terríveis consequências que trará a instalação de uma mina a céu aberto para a região, a enorme cova que iria quebrar a cadeia de montanha, os graves riscos do cianeto a bacia do rio Apulco, o esgotamento da água e doenças incuráveis para os mamíferos e o empobrecimento das comunidades.

De fato, ademais de Ixtacamaxtitlán contempla-se a exploração e o aproveitamento de Libres, Zautla, Ahuazotepec e Xicotepec.  A empresa canadense Almaden Minerals possui 14 concessões que representam 12 por cento do território da Sierra Norte de Puebla, uns 120.000 hectares e 73 por cento do total da superfície das concessões para exploração e aproveitamento.

Também a corrupção está presente. Sabemos que prefeito municipal de Ixtacamaxtitlán, Eliazar Hernández, recebe por parte da empresa canadense 300 mil pesos a cada mês (por permitir as explorações e autorizar o uso do solo). Ademais, a empresa impôs uma liminar contra o governo para evitar o pagamento de 7,5 por cento de royalties de ouro e prata para a mineração.

Da mesma forma, os membros da União de Ejidos e Comunidades em Defesa da Terra, da água e da Vida Atcolhua têm revelado que a empresa canadense, através de sua subsidiária Minera Gavilan, interpôs recursos contra a taxa de 0,5 por cento aos rendimentos derivados com a venda de ouro, prata e platina. Isto é, o lucro será todo para eles e nada da população.

Por outro lado, tem-se apresentado relatórios sobre o impacto ambiental em Santa Maria Zotoltepec, onde as pessoas na resistência contra a mineração de diferentes comunidades do município receberam a solidariedade de outros povos indígenas (Olintla, San Felipe Tepatlán, Cuetzalan, Zongozotla y Ahuacatlán) antes do início iminente do trabalho de mineração em que Almaden Minerals tem a intenção de processar 7.500 toneladas por dia de rochas e de minerais.

Os relatórios apresentam o impacto que a mineradora provocará como a escassez de água, penetração de alguns furos nos aquíferos, a perfuração mais profunda ignorando os regulamentos do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat), a morte de animais que bebem água dos mananciais e rios contaminados pelos resíduos e pelo impacto na terra que está ficando estéril.

Da mesma forma, as empresas de mineração têm provocado a divisão entre os moradores (porque alguns têm recebido dinheiro e, inclusive a prefeitura de Santa María Zotoltepec recebeu uma biblioteca e um aparelho de ultrassonografia para a clínica); porém, por outro lado, têm abusado das pessoas mais vulneráveis que não têm argumentos para se defender.

A empresa canadense, em troca de presentes duvidosos que tem dado à cidade de Santa Maria Zotoltepec, anunciou a perfuração de poços de água e o monitoramento dos lençóis freáticos com o objetivo de controlar o líquido vital.

Almaden Minerals além de violar os regulamentos de proteção e conservação do meio ambiente também viola as leis mexicanas e os convênios internacionais por negar o direito à informação, à transparência e às consultas do povo; já que, somente com o consentimento dos moradores, deveria ser feito este tipo de projeto.  Desta forma, violam-se os direitos comunitários garantidos pelo Convênio 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes. Sabemos que fizeram consultas simuladas cuja verdadeira intenção é fazer a vontade de empresários e funcionários.

Alamden Monerals trabalha através da Mineradora Gavilán S.A. de CV e da Cerro Grousse S. de RL de CV e os empresários mineradores têm ameaçado levar o exército se a população continuar resistindo. Eles estão tendo o apoio tanto do presidente anterior, Felipe Calderón Hinojosa, como do atual presidente Enrique Peña Nieto, que outorgou as concessões.

Diversos grupos em resistência têm acompanhado e apoiado os moradores de Ixtacamaxtitlán para que não vendam, nem, tampouco, cedam seus direitos. Os meios de comunicação estadual e nacionais pouco têm feito, assim como ocorre em Puebla. A resistência é assediada, ameaçada e inviabilizada.

Ixtacamaxtitlán é um exemplo da resistência local contra as empresas transnacionais capitalistas. Estas empresas pouco se interessam pela população e pelo meio ambiente, com o interesse principal baseando-se na quantidade de lucro que podem tirar, atentando contra a Mãe Terra.

Para concluir, podemos dizer que há um fio invisível e histórico que tece a dignidade dos povos originários na América e que desde Dakota até Ixtacamaxtitlán a terra não se vende, ao contrário, deve ser amada e defendida.


De Dakota a Ixtacamaxtitlán: la tierra se defiende

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

Las últimas semanas hemos sido testigos de la resistencia organizada por los Sioux al Norte de Dakota en Estados Unidos. El movimiento Standing Rock supone el rechazo a la construcción de un oleoducto que pretendía cruzar tierras ancestrales, lo cual provocaría daños irreparables y el temor de que cualquier fuga contaminara la fuente de agua de la reserva. Los Sioux, junto con activistas ambientales, veteranos estadounidenses y celebridades lucharon contra las empresas y a la policía. Aunque se ganó esta la primera batalla, la llegada de Trump a la Casa Blanca supone otro reto, puesto que él está interesado en la construcción del oleoducto en la parte que básicamente falta. Energy Transfer Partners es la empresa que impulsa este proyecto con un presupuesto de 3.800 millones de dólares y busca unir Dakota del Norte con las refinerías de Illinois.

La semana pasada varios activistas sioux junto con activistas palestinos mantuvieron un webinar en el que se mostraron solidarios con ambas causas pues todos son víctimas de un Estado ocupante que les ha despojado de sus tierras y busca desaparecerlos por medio de la limpieza étnica. El objetivo de unir estas luchas, tomando en cuenta la relevancia que ha obtenido Standing Rock, es conectar colectivos en resistencia de dichos países y, de esa manera, catapultar otras luchas que son más antiguas y que, seguramente, sus tierras están en manos de las mismas corporaciones.

Y es que en la actualidad diversos grupos nativos en el mundo mantienen resistencia contra las corporaciones, solo que no se tiene información sobre estos movimientos. Tal es el caso de lo que ocurre en el municipio de Ixtacamaxtitlán (estado de Puebla), quienes  están siendo acosados por las mineras canadienses que buscan oro. Además, esta zona de Ixtacamaxtlitán y toda la Sierra Norte de Puebla está amenazada por los proyectos del fracking, que buscan fracturar la tierra, lo cual pone en serio riesgo el agua de la zona y al ecosistema entero.

Ixtacamaxtitlán es el municipio que vio nacer a gran parte de mi familia. Un lugar rodeado de cerros y lleno vegetación. Siendo el quinto municipio más grande del estado, con 68 kilómetros cuadrados de territorio y una población de 25.326 habitantes, desperdigados en 14 pueblos que no tienen más de dos mil personas y en 114 comunidades que no tienen más de quinientas, actualmente ya tan sólo 2.797 personas hablan náhuatl.

Ixtacamaxtlitlán depende de la agricultura y la ganadería.  Se siembra maíz, manzana, pera y ciruela. Según estudios de la empresa canadiense Almaden Minerals “82 de cada cien hombres vive exclusivamente del trabajo en el campo; una de cada cuatro personas vive en pobreza extrema, ocho de cada diez tienen un ingreso inferior a la línea de bienestar, uno de cada cinco adultos es analfabeto, una de cada tres casas tiene piso de tierra, sólo el 0,3 por ciento de la población tiene internet en casa” Ver http://www.almadenminerals.com/. Razón por la cual el discurso minero se fortalece ya que la mina, según el neoliberalismo, podría traer “progreso y desarrollo” para la comunidad.

¿Por qué Ixtacamaxtitlán es atractivo para las mineras canadienses?

El 9 de agosto del 2010 los geólogos de Almaden Minerals descubrieron vetas de oro y plata en la cuenca alta del río Apulco, región a la que bautizaron como Ixtaca zone. Desde entonces han querido vender sus exploraciones a las grandes corporaciones. De hecho, se está promoviendo en los mercados de Toronto y de Nueva York como un conjunto ciento por ciento de su propiedad y calificado como un descubrimiento de alto riesgo por el portal 24hgold.com.

Almaden Minerals ha dado pláticas a los pobladores para convencerlos de sus beneficios, la empresa argumenta con sus propias estadísticas de pobreza contrastándolos con el supuesto desarrollo económico y empleo que traerá la mina. Sin embargo, “olvidan” mencionar las consecuencias nefastas que tendrá la instalación de una mina a cielo abierto para la región, el tajo enorme que rompería  la cadena montañosa, los riesgos graves del cianuro para la cuenca del río Apulco, el agotamiento del agua y las incurables enfermedades para los mamíferos y el empobrecimiento de las comunidades.

De hecho, además de Ixtacamaxtitlán se tiene contemplada la exploración y explotación de Libres, Zautla, Ahuazotepec y Xicotepec. La empresa canadiense Almaden Minerals tiene 14 concesiones que representan el 12 por ciento del territorio de la Sierra Norte de Puebla, unas 120.000 hectáreas y el 73 por ciento del total de la superficie de las concesiones para exploración y explotación.

También la corrupción está presente. Sabemos que el presidente municipal de Ixtacamaxtitlán, Eliazar Hernández recibe por parte de la empresa canadiense 300 mil pesos cada mes (por permitir las exploraciones y dar permisos del uso de suelo). Además, la empresa ha impuesto un amparo contra el gobierno para evitar el pago del 7,5 por ciento de regalías por el oro y plata que obtenga de la explotación minera.

De igual modo, integrantes de la Unión de Ejidos y Comunidades en Defensa de la Tierra, el Agua y la Vida Atcolhua han revelado que la empresa canadiense, a través de su subsidiaria Minera Gavilán, también ha interpuesto amparos contra la tasa del 0,5 por ciento a los ingresos derivados de la enajenación del oro, plata y platino. Es decir, la ganancia es toda para ellos y nada la población.

Por otro lado, se han presentado informes sobre el impacto ambiental en Santa María Zotoltepec, donde pobladores en resistencia contra la minera de diferentes comunidades del municipio han recibido la solidaridad de otros pueblos indígenas (Olintla, San Felipe Tepatlán, Cuetzalan, Zongozotla y Ahuacatlán)  ante el inminente inicio de las labores de extractivas en las que Almaden Minerals pretende procesar 7 mil 500 toneladas diarias de rocas y mineral.

En los informes presentan el impacto que tendrá la minera como la escasez de agua, la penetración de algunos barrenos en los mantos acuíferos, la perforación a mayor profundidad haciendo caso omiso a los reglamentos de la Secretaria de Medio Ambiente y Recursos Naturales (SEMARNAT), la muerte de animales que toman agua de los manantiales y ríos  contaminados  por los desechos y el impacto en la tierra que está quedando estéril.

Igualmente, las mismas empresas mineras han provocado la división entre los pobladores (porque algunos han recibido dinero e incluso la junta Santa María Zotoltepec ha recibido una biblioteca y un ultrasonido para la clínica); pero, por otro lado han abusado de la gente más vulnerable que no cuenta con argumentos para defenderse.

La empresa canadiense, a cambio de los dudosos regalos que ha entregado al pueblo Santa María Zotoltepec, ha anunciado la perforación de pozos de agua y el monitoreo del comportamiento de los mantos freáticos con el objetivo de controlar el líquido vital.

Almaden Minerals además de violar los reglamentos de protección y conservación del medio ambiente también viola las leyes mexicanas y los convenios internacionales por negar el derecho a la información, a la transparencia y a las consultas del pueblo; ya que, solo con el consentimiento de los pobladores se deberían hacer este tipo de proyectos.  De esta manera, se violan los derechos comunitarios garantizados por el convenio 169 de la OIT sobre Pueblos Indígenas y Tribales en Países Independientes. Sabemos que han hecho consultas simuladas cuya verdadera intención es hacer la voluntad de empresarios y  funcionarios.

Alamden Monerals trabaja a través de Minera Gavilán SA de CV y de Minera Cerro Grousse S. de RL de CV y los empresarios mineros han amenazado con llevar al ejército si la población se sigue resistiendo, han tenido el apoyo tanto del presidente anterior Felipe Calderón Hinojosa como del presidente actual Enrique Peña Nieto, quienes les han otorgado las concesiones.

Diversos grupos en resistencia han acompañado y apoyado a los pobladores de Ixtacamaxtitlán para que no vendan ni tampoco cedan sus derechos. Los medios de comunicación estatales y nacionales poco han hecho caso de lo que ocurre en Puebla. La resistencia es acosada, amenazada e invisibilizada.

Ixtacamaxtitlán es un ejemplo más de resistencia nativa contra las empresas transnacionales capitalistas que poco se interesan por la población y el ambiente y que su interés se basa en la cantidad de ganancias que pueden sacar atentando con la Madre Tierra.

Para concluir podemos decir que hay un hilo invisible e histórico que teje la dignidad de los pueblos originarios en América y que desde Dakota hasta Ixtacamaxtitlán la tierra no se vende, se ama y se defiende.

 

 

Foto: www.esimagen.com.mx

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