Bruce Springsteen canta Víctor Jara em Santiago

Foi o primeiro de quatro shows na América Latina, que terminará no Rock in Rio, dia 21/9. A única vez que Springsteen tocou na América do Sul foi em setembro de 1988, quando fez três shows (N. de Desacato: O dado não é correto. BS esteve em Buenos Aires em 15/10/88).

Apresentou sua lista padrão de sucessos, mas outra vez começou com uma surpresa. Acompanhado só por Nils Lofgren no violão acústico e Curt Ramm no trumpete, Bruce cantou em espanhol, uma canção escrita por Víctor Jara, intitulada “Manifiesto” [Manifesto]. A seguir:
Foi uma das últimas composições de Jara, antes de ser assassinado no golpe de Pinochet contra o Chile, em setembro de 1973. Víctor Jara foi cantor chileno, professor, diretor de teatro, ativista político e membro do Partido Comunista do Chile.
Na manhã de 12/9/1973, Jara foi preso, com milhares de outros, e levado para o Estádio [de futebol] Nacional do Chile (rebatizado “Estadio Víctor Jara” em setembro de 2003). Nas horas e dias seguintes, muitos daqueles detidos foram torturados e mortos pelos militares golpistas. Jara foi brutalmente espancado; teve as mãos e costelas quebradas. Prisioneiros políticos no mesmo local contaram que os torturadores zombaram, dizendo que Jara tocasse violão para eles, quando jazia no chão com as mãos quebradas. Jara cantou-lhes versos de “Venceremos” (hino da coalizão Unidade Popular). Ouça a seguir:
Dia 16/9/1973, Jara foi assassinado a tiros de metralhadora, seu corpo foi jogado numa estrada nos arredores de Santiago. Encontrado e recolhido a um necrotério, encontraram-se no cadáver 44 balas.
Dia 3/12/2009, afinal se fez o funeral oficial, no “Galpón Víctor Jará”, em frente à “Plaza Brasil”. Jara foi homenageado por milhares de pessoas. Seus restos mortais foram re-sepultados no mesmo local em que fora sepultado em 1973. Dia 28/12/2012, um juiz chileno ordenou a prisão de oito ex-oficiais do Exército por participação no assassinato de Victor Jara. O mesmo juiz expediu mandato internacional de prisão para mais um deles, Pedro Barrientos Núñez, acusado de atirar contra a cabeça de Jara, numa sessão de tortura. Barrientos vive na Flórida, e as autoridades dos EUA até agora têm-se recusado a cumprir a ordem de prisão.
Dia 4/9/2013, o Centro pela Justiça e Transparência deu entrada em processo de acusação contra Pedro Barrientos numa corte dos EUA, em nome da viúva e filhos de Victor Jara. O CJT acusa Pedro Barrientos pelos crimes de detenção arbitrária; tratamento cruel, desumano ou degradante ou castigo de prisioneiro; execução extrajudicial; e de crimes contra a humanidade, nos termos do Estatuto Contra a Tortura [Alien Tort Statute (ATS)]; e de tortura e morte, nos termos Lei de Protecão às Vítimas de Tortura [orig. Torture Victim Protection Act (TVPA)], todos crimes ligados à morte de Víctor Jara. A queixa-crime acusa Barrientos como perpetrador direto do crime de assassinato de Víctor Jara, e como comandante, e colaborador indireto de outros crimes cometidos no Estádio Nacional do Chile.

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