Ato em Florianópolis une Centrais Sindicais e sociedade em defesa dos/as trabalhadores

Por Márcio Papa, para Desacato.info.

Fotos e vídeo: Rosangela Bion de Assis, para Desacato.info.

Centrais Sindicais do estado de Santa Catarina, coletivos estudantis e movimentos sociais realizaram na tarde de ontem, terça 16, um grande ato-protesto em defesa aos ataques que o governo ilegítimo, de Michel Temer, está impondo, através de  ameaças que tramitam no Congresso Nacional e Senado Federal, forjadas por projetos de lei,  e propostas de Emendas à Constituição.

A repercussão nacional, que no momento gerou a unidade das Centrais, sindicatos e a sociedade organizada no plano nacional, é em face ao restringimento das políticas de inclusão social e relaciona-se ao escancaramento da fragilização contínua da cidadania,  através do sucateamento dos aparelhos de atenção à saúde, SUS, com a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, influindo diretamente em políticas voltadas às populações indígenas, à população LGBT e à vulnerabilidade das populações em situação de rua, (culpando as próprias vítimas da desigualdade social, por sua própria pobreza). Este ataque à vulnerabilidade dessas populações é a mesma que ocorre com preconceituosa classe média  norte-americana, (“victim blaming“).

O Ato foi uma reação à pérfida doutrina ultra-liberal brasileira que desnuda o exponencial crescimento do desemprego no país, a iniciativa em se criminalizar os movimentos sociais, Lei 13.260/2016, a terceirização de mão de obra com a redução de salários, através de projeto de lei na Câmara e  no Senado, (PL 4302/98-PLC 30/2015) que em sua regulamentação, precariza relações e condições de trabalho, – flexibilização da norma 12 de segurança do trabalho-  e o salteador re-individamento, -refinanciamento da dívida dos estados e Distrito Federal (PLP 257/16) que sufoca tanto os estados e municípios,- impedindo o investimento e custeio das áreas da educação e saúde- além do bloqueio de reajustes de salário, a implementação (facultativa?) do regime de previdência complementar, -que pretende impor um teto ao limite do benefício pago pelo INSS aos novos servidores públicos e aos atuais- com subterfúgio de amortização de uma fictícia dívida pública, (desmascarada pela Auditoria Pública Cidadã) e o pagamento de juros irreais.

As denúncias explícitas dos dirigentes sindicais e dos movimentos sociais afetam todos brasileiros, e referem-se ditames da agenda neoliberal, teorizada em 1944, por Friedrich Hayek em Caminho da Servidão, na oposição a John Maynard Keynes (intervenção estatal na economia, e o ambiente de pleno emprego implementado no pós segunda guerra mundial).

O atentado à soberania nacional está desenhado pelo fim da exclusividade da Petrobrás, e o regime de concessão na exploração na camada do pré-sal, PL 6276/13, a privatização das empresas públicas, PLS 555/15, o substitutivo nº1, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural -CAPADR- que passa a não exigir requisitos de “utilização da terra” como função social da propriedade rural e o acesso à terra, como respeito à dignidade da pessoa humana,  PL 5288/09, a regulamentação da compra de terra por estrangeiros, -PL 450/09 e PL 2269/07- são alguns exemplos do inescrupuloso avanço do capital, em atitude de rapina à quaisquer riquezas nacionais, ou mercados localizados à parte, da divisão constituída entre os dois mundos polarizados no início da guerra fria, que inequivocamente, figurados na América Latina como um todo.

A grande manifestação, que reuniu a partir das 13hs, cerca de 3000 pessoas (estimado pelos organizadores) de diversas regiões de Santa Catarina, partiu da Universidade Estadual em Florianópolis,UDESC, ganhou a Avenida Madre Benvenuta, no bairro do Itacorubi, e deslocou-se em meia pista pela rodovia Admar Gonzaga,  onde bloqueou a avenida na totalidade até as 16hs, diante do prédio da FIESC

Na justa medida das grandes mobilizações, que se estenderam no País afora, o acontecimento protagonizado diretamente pelos representantes da massa trabalhadora, recebeu o apoio até de antigos aliados do governo afastado, que notadamente já foram responsabilizados pelo apoio a medidas impopulares e paradoxalmente opostas às reivindicações, agora defendidas por todas.

Uma vez afastado o governo da presidente Dilma, entre as Centrais Sindicais CUT e Força Sindical, correm para a reconquista do terreno perdido, ao visualizar a curta memória do povo brasileiro, durante seu alinhamento à governança, visando participação no governo PT. Um procedimento escandaloso que feriu princípios, como o apoio à proposta de redução da jornada de trabalho, com diminuição dos salários em até 30%, em  observado na atuação em conselhos tripartites, blindando o executivo e aderindo ao Plano de Proteção ao Emprego – Lei 13.139/15 -aprovado na Câmara dos Deputados e sancionado pela Presidenta, que diminui salários, e supostamente será compensado parcialmente pelo governo, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT),

Em uníssono coro, as Centrais Sindicais: CUT, CGT, Intersindical, CSP Conlutas, Força Sindical, Nova Central, e UGT, que no presente momento em que vivemos, discordam que os trabalhadores e trabalhadoras paguem a conta pela crise econômica e política, e defendem os direitos conquistados através da constituição de 1988, exigem:

  • Redução da taxa de juros que viabilizem a retomada do crescimento industrial;
  • Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários;
  • Retomada do investimento público e privado em infraestrutura produtiva, social e urbana, ampliando os instrumentos para financiá-la;
  • Retomada e ampliação dos investimentos no setor de energia, como petróleo, gás e fontes alternativas renováveis, em especial a Petrobrás e o Pré-Sal;
  • Destravamento do setor de construção, através de instrumentos institucionais adequados, que garantam a manutenção das atividades produtivas e dos empregos nas empresas do setor;
  • Criação de condições para o aumento e manutenção da produção e das exportações da indústria de transformação;
  • Adoção e aprofundamento de políticas que deem sustentação ao setor produtivo de adensamento das cadeias e reindustrialização do país com contrapartidas ambientais;
  • Incentivos às políticas de fortalecimento do mercado interno para incrementar os níveis de produção, consumo, emprego, renda e inclusão social.

Ato U

Ato U 2

Ato U 3

Ato U 4

Ato U 5

Ato U 6

Referências:

Portal Jus Brasil

http://camilavazvaz.jusbrasil.com.br/artigos/320443792/as-55-ameacas-aos-seus-direitos-que-tramitam-no-congresso-nacional

Ambito Jurídico

http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2912

Camara dos Deputados

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2080237

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1306673

Liga Socialista

http://www.ligasocialista.com/news/dire%C3%A7%C3%A3o-nacional-da-cut-avan%C3%A7a-na-trai%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-classe-trabalhadora/

Presidência da República

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13189.htm

Portal Ascema
http://www.ascemanacional.org.br/plp-25716-novo-ataque-aos-servidores-plano-de-auxilio-aos-estados/

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