“Aqui o Marcelo não vai entrar”, reforçam os estudantes da UFFS

    O interventor nomeado por Bolsonaro não obteve vitória em nenhum dos segmentos da consulta prévia e sobretudo no Consuni, de 49 votos para composição da lista tríplice ele obteve apenas quatro votos”, detalhou o estudante Dionatan Martins.

     

    Foto: Pedro Pinheiro, para Desacato. info.

    Por Claudia Weinman, com fotos de Pedro Pinheiro, para Desacato. info.

    A reitoria da Universidade Federal Fronteira Sul – UFFS está ocupada pela comunidade acadêmica desde o dia 29 de agosto, quando foi publicada no Diário Oficial da União a nomeação por Jair Bolsonaro e o MEC do interventor Marcelo Recktenvald, contrariando a decisão democrática da comunidade. Na noite de ontem, terça-feira, dia 3 de setembro, o Portal Desacato fez m registro exclusivo junto aos estudantes e apoiadores, sobre a luta na ocupação.

    Foto: Claudia Weinman, para Desacato. info.

    Mais de 100 estudantes estão diariamente conduzindo o processo da ocupação da reitoria da Federal Fronteira Sul, a qual possui 90% de suas vagas destinadas a estudantes cotistas oriundos de escola pública. A Universidade está localizada na região de abrangência do Sudoeste do Paraná, Oeste de Santa Catarina, Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul, fazendo divisa com o Norte da Argentina, país irmão.

    Foto: Claudia Weinman, para Desacato. info.

    Entrevista

    Em um primeiro momento os estudantes falaram sobre a decisão pela ocupação. “Dia 29 chamamos uma assembleia geral com a presença de centenas de alunos de diversos cursos. Foram feitas falas de indignação diante da nomeação do interventor, pois os estudantes entendem que não foi respeitada a consulta prévia. Todas as pessoas votaram pela ocupação, apenas uma abstenção. Estamos recebendo pessoas de outros campi da Universidade e é importante frisar que não deixaremos passar o projeto de privatização, essa é uma universidade que foi conquistada com muita luta”, apontou a estudante Bárbara Oliveira.

    Foto: Pedro Pinheiro, para Desacato. info.

    O estudante Dionatan Martins explicou também sobre o funcionamento dos trabalhos durante esses dias de ocupação. “Isso não é balbúrdia, estamos organizados em vários setores, com equipes responsáveis pela saúde, comunicação, alimentação, formação, entre outros. É um ambiente saudável. O espaço administrativo continua com seu pleno funcionamento e a gente sempre reforça o convite para a comunidade, para que venham em nossa ocupação, participe dos aulões que estamos realizando. É necessário defender um projeto de universidade.O interventor nomeado por Bolsonaro não obteve vitória em nenhum dos segmentos da consulta prévia e sobretudo no Consuni de 49 votos para composição da lista tríplice ele obteve apenas quatro votos”, detalhou.

    Foto: Pedro Pinheiro, para Desacato. info.
    Foto: Pedro Pinheiro, para Desacato. info.

    O professor Vicente Ribeiro também mencionou o perigo que tal nomeação apresenta para a construção do conhecimento. “O compromisso que o Marcelo possui é com os setores de fora daqui, afinal, essa nomeação foi definida em gabinetes de Brasília e não pela comunidade regional. Isso é grave para comunidade. A agenda do governo é marcada pelos cortes nas Universidades e o Marcelo deve sua nomeação à essa agenda”, disse.

    Ribeiro também contextualizou que na última segunda-feira a categoria docente realizou uma assembleia e decidiu pelo não reconhecimento de Marcelo como reitor e pelo apoio à ocupação dos estudantes. “Encaminhamos ainda a realização de uma série de ações ao longo dessa semana, o que corresponde na prática a elaboração de aulas públicas e mostrar que enquanto o Marcelo toma posse em Brasília nesta quarta-feira, que ele saiba que nós o rejeitamos, não o reconhecemos”, finalizou.

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