Alceu Valença faz poesia no Facebook: “O poder é irmão da polícia que é prima carnal do Estado e de uma cega chamada Justiça”

Músico e repentista posta em sua rede social “Mensagem para uma grande amiga”: “Nunca o poeta chegará perto de ideologias mesquinhas como muita gente, sem notar, vai se engajando”

Alceu Valença. Fonte: Arquivo Pessoal

O músico, cantor, repentista e poeta pernambucano Alceu Valença escreveu um texto, que mais parece uma poesia, em sua página no Facebook. Com indiscutível e costumeiro talento, ele faz uma análise do panorama atual do pais e do mundo. Claro, usando e abusando de sua linguagem característica:

Mensagem para uma grande amiga:

Bato palmas para sua boa intenção.
Infelizmente, você não percebe que a ideologia que nos sobrou, domina o mundo e é aquela que promove a ganância, o acúmulo e o individualismo.
Sou e serei sempre contra as grandes corporações.
Nunca o poeta chegará perto de ideologias mesquinhas como muita gente, sem notar, vai se engajando.
Precisamos ficar atentos porque Hitler está renascendo das cinzas.
Lembram da campanha contra Marielle?
-“Ela era a favor do tráfico”.
-“Ela era a favor da legalização das drogas”.
Ninguém pode ter essas duas posições ao mesmo tempo. São antagônicas.
Lamento, mas não sou a favor da mão de ferro do Estado.
Por outro lado, o poeta nunca será a favor do Estado Mínimo.
No mínimo, o Estado tem que ser equilibrado. Senão, nunca existirá a meritocracia.
Sou mais Lisboa do que Orlando, viu amiguinha?
Escola, saúde, educação, moradia para todos.
Jesus, o humanista e revolucionário, é o meu guia.
Foi crucificado entre dois ladrões.
Pilatos lavou as mãos.
Salve a transposição imaginada desde Dom Pedro II. Salve a água no sertão.
A Justiça também é dominada pelas grandes corporações? Claro. Existe algo por trás da cortina do teatro.
Cuidado com Rússia, China e o Tio Sam? Cuidado com quem nos domina.
Cuidado com Facebook! Olha a eleição de Trump!
As grandes corporações adoram…privatizações !!!
O último apagão foi promovido por uma empresa de energia chinesa.
Água…
Metais.
Natureza.
Valeu a pena privatizar a Vale?
Virou um mar de lama.
Afogou Mariana. Sabias que a Samarco é Australiana? A culpa foi do canguru?
A Vale do Rio Doce empurra com a barriga uma dívida ao IR que se fosse paga e usada na saúde e educação, resolveria esse crucial problema.
O Judiciário é corrompido o induzido para empurrar o processo com a barriga. Daqui a dez anos, não tenhas dúvidas, a dívida será perdoada.
BILHÕES, BILHÕES e BILHÕES !!!!

A internet nos transforma em mulas e repassadores de mensagens enviadas por marqueteiros que nos usam e nem sequer desconfiamos. Cuidado com os marqueteiros…
Como não pertenço a grupos virtuais, me salvo da “Bolha do Domínio.”
Felizmente, permaneço menino, traquino…
Já falava, há muito que estávamos sendo usados, escravizados como mulas e, por isso, sempre foi contestado por aqueles que argumentam:
– “Ele é um adepto da Teoria da Conspiração”.
Acredite, não sou não.
Sempre fui um questionador.
A minha professora de filosofia, Bernadete Pedrosa, me ensinou a raciocinar com lógica.
O silogismo é a salvação. Mas, cuidado com as premissas! Quando uma delas é falsa, a conclusão também se torna falsa.
Estávamos em tournée na Europa, no fim da década de 80, e ao passar pela Alemanha Oriental, previ a queda do Muro de Berlim.
Por quê?
Por causa do papel higiênico.
Falei:
-A bunda dos comunistas não aguenta mais essa lixa.
O saudoso Clávio Valença ouviu, sorriu e não acreditou na afirmação do primo doidão.
Conclusão:
Acertei!!!!
O Muro caiu, logo após minha louca afirmação.
Cagada? Não!
Sou chegado ao uso de metáforas e por isso, não agrado a quem não se permite soltar a imaginação. Práticos, retilíneos, dogmáticos!
Sempre levei porrada de todos os lados.
Não, não tenha pena de mim. Já estou acostumado.
Na faculdade de Direito era tido como meio torto.
Doido.
Fui preso no DOPS e nunca vesti a camisa de herói.
Devo confessar que não fui torturado fisicamente, mas aquilo parecia coisa da ditadura do Diabo.
Não gosto do Super-Man.
Prefiro João Grilo.
Lampião para mim é uma metáfora.
O que existe por trás do Cangaço e da Justiça?
Malícia. Milícias.
– O Poder é irmão da polícia que é prima carnal do Estado e de uma cega chamada Justiça…
Cega não, dissimulada. Tem um olhinho aberto, que por vezes, só enxerga os inimigos do donos do Poder e do cifrão $$$$$.
Morro de pena dos moradores do Morro.
Olha a previsão:
Um dia desses eu tive um sonho
Que havia começado a grande guerra entre o morro e a cidade,
E meu amigo Melodia era o comandante em chefe
Da primeira bateria lá do Morro de São Carlos.
Ele falava, eu entendia:
Você precisa escutar a rebeldia!
Pantera Negra, FM Rebeldia,
Transmitindo da Rocinha primeiro comunicado:
Por pão e circo e o poder da maioria,
O país bem poderia ter seu povo alimentado.
E era um sonho ao som de um samba tão aflito
Que eu quase não acredito, não queria acordar…
Profecia? Não.
Pensar livremente.
Escola, Saúde, Educação.
Eis a solução para diminuir a violência.
Cuidado com a Bancada da Bala!!!
Cuidado com o boato.
Eu era tido como drogado e nunca fumei um baseado.
Na Ditadura fui Censurado pelo Cenimar,
Continuei a compor e a me expressar.
Segui em frente sem Medo e sem Ódio.
Finalizando, minha doce e querida amiga, atente para isso:
O pré-sal que há pouco era ridicularizado, como inviável, hoje está sendo explorado pela Chevron, EUA
Sheel, Holandesa
Companhia Norueguesa e de outros países …
Estranho, não é?
Você devia
deveria adivinhar
Que atrás do Samba havia o Semba
Que atrás do Semba havia a África
Que atrás de tudo havia o Açúcar
E a Companhia das Índias Ocidentais.
Primeira multinacional do Planeta.

Açucar é doce,
Doce, doce, doce
como mel
Doce, doce
Doce como o fel
Não acredite,
não tem mistério
O velho é novo
e o novo é velho
É como o Ovo e a Galinha
Se a culpa é nossa
A culpa é minha

Mas que nunca
é preciso DESCONFIAR
Eu desconfio no sentido estrito
Eu desconfio no sentido lato
Eu desconfio dos cabelos longos
Eu desconfio do Diabo a Quatro

Alceu Valença

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