A direita festeja seus 100 dias de governo na Argentina

Por Débora Mabaires, Buenos Aires, Argentina, para Desacato.info.

(Português/Español)

Foram completados os primeiros cem dias de governo das corporações ainda que,  julgando pela magnitude de seus feitos, pareçam anos.

Em apenas três meses, o governo de direita que Maurício Macri personifica, desmantelou os programas de assistência médica; os de agricultura familiar; os de educação sexual; os de assistência jurídica e psicológica às vítimas; os programas de defesa ao consumidor; o programa Conectar Igualdade que levava educação e assistência remota a docentes que trabalhavam com novas tecnologias nas aulas; as rotas da Aerolíneas Argentinas para beneficiar empresas privadas e o Centro Cultural Néstor Kirchner, único na América latina por suas características arquitetônicas e sua programação de primeiro nível, entre outras medidas.

As medidas econômicas favorecem principalmente as multinacionais que agora podem exportar sem pagar retenções, aos bancos que já não tem a obrigação de emprestar dinheiro a pequenas empresas e lhes foi permitido cobrar as taxas de juros que queiram; e aos latifundiários que viram incrementados os valores de suas propriedades.

O estado desapareceu para o cidadão comum, e lenta e indissimuladamente se reconverteu em uma Sociedade Anônima. E nas empresas, os empregados são um custo.

O empresário Macri despediu 50.000 trabalhadores estatais. E a atividade privada, uns 60.000.

São 110.000 famílias sem emprego. Somadas as incontáveis que tiveram diminuídos seus salários como consequência desta onda de demissões, que arrasa com a dignidade dos trabalhadores e com seus soldos.

O poder judicial, convertido em uma mascarada, inventa causas penais contra a ex presidenta Cristina Fernández de Kirchner, seus funcionários ou dirigentes sociais como a deputada do Parlasul, Milagro Sala.

A instigação policial, para infundir temor nos cidadãos, não cessa.

As crianças e adolescentes são detidos em plena rua por policiais que lhes exigem os documentos e revistam seus pertences quando vão ou retornam da escola. Mas também, com inusitada presença e prepotência nas manifestações de trabalhadores que reclamam por seus direitos.

Um grupo de docentes da província de Santiago Del Estero, uma das mais pobres de nosso país, se manifestou contra a governadora por pretender manter um salário básico equivalente a um terço do salário mínimo vital e móvel. Foram reprimidos por policiais sem identificação com balas de borracha, gás lacrimogênio e cachorros treinados. As imagens dessa selvageria foram conhecidas nas redes sociais, já que nenhum meio de comunicação dominante as difundiu. Dez dos docentes organizadores do protesto, absolutamente pacífico, foram encarcerados. Todos eles feridos.

Na foto difundida pelos mesmos organizadores da marcha, o Círculo Santiagueño de Docentes de Ensino Médio e Superior (CISADEMS); pôde observar-se ao docente Ariel Pellegrine no momento em que era algemado, logo que 5 policiais o agrediram com seus cassetetes. Ariel ensina nas escolas que frequentam os filhos desses policiais.

Dois dias mais tarde, Facundo Maldonado, professor de literatura em escolas rurais e orador da marcha docente, foi apunhalado por dois encapuzados as 6 da manhã, quando esperava sozinho em uma rua que seus companheiros de escola passassem para o levar ao trabalho. Não lhe roubaram nada. Não lhe disseram nada. Continua internado e seu estado é confidencial. Enquanto isso, em cada escola da província, a polícia passa para tomar lista dos professores.

A 1000 km dali, na Cidade de Buenos Aires, 6 encapuzados desceram de uma caminhonete e abriram fogo sobre integrantes da Murga Los Reyes del Ritmo, a mesma que havia sido atacada pelas forças de segurança faz um mês, com balas de borracha. Nesta oportunidade, deixaram vários feridos, muitos deles crianças, e o governo quis disfarçar o feito como um “enfrentamento entre traficantes” e pelas filmagens dos vizinhos se pode conhecer a verdade. O ocorrido foi silenciado nos meios de comunicação. Agora mataram 2 pessoas. Os meios difundiram como “enfrentamento narco”.

A 400 km deste local, no mesmo dia, um grupo sem identificação, destruiu a casa do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, um defensor dos direitos humanos. Nos dias anteriores, havia enviado uma carta ao presidente dos EUA, Barack Obama, solicitando que se abstivesse de participar nos atos de comemoração do 40º aniversário do golpe militar em nosso país, porque sua presença como chefe do Estado que financiou e protegeu o dito golpe, era insultante. A casa de Adolfo Pérez Esquivel na cidade de Mar Del Plata, foi saqueada, arrancaram e destruíram as privadas, cozinha, armários e todo o dormitório.

Nessa cidade, faz um ano, quatro grupos fascistas se dedicam a amedrontar a cidadania. A população, em novembro, votaram uma mudança, e agora governa a cidade um aliado de Macri, Carlos Arroyo, que se apresentou como quem poderia colocar “ordem”. Desde sua chegada a intendência, esses grupos passaram das pichações de rua xenófobas à violência física contra imigrantes, indigentes, gays, lésbicas, trans ou travestis. A falta de ação policial, judicial, municipal e a do governo, faz presumir certa conivência estatal já que ditos grupos fazem alarde de seus delitos nas redes sociais. Não somente são violentos, como também difundem sua mensagem e troféus para amedrontar; em uma clara demonstração de impunidade.

A direita mais vil está mostrando suas garras. A desocupação; a fome; a falta de atenção médica y judicial, estão fazendo-se conhecer em toda a população; enquanto que aqueles que se opõem e se manifestam conhecem a outra cara do governo, a da repressão policial e dos grupos de tarefas parapoliciais.

A monopolização da palavra através da censura aos jornalistas e asfixiando financeiramente aos meios de comunicação menores, invisibiliza a repressão que estão começando a desatar para impor um plano econômico genocida.

Com apenas 100 dias de governo de direita, e há 40 anos do horror da ditadura, nós argentinos já podemos dizer que os ditadores retornaram.

E esta vez não chegaram com as botas. Chegaram com os votos.

Tradução: Thiago Iessim para Desacato.info.


La derecha festeja sus 100 días de gobierno en Argentina

Por Débora Mabaires, Buenos Aires, Argentina, para Desacato.info.

Se cumplen los primeros cien días del gobierno de las corporaciones aunque, al juzgar por la magnitud de sus hechos, parecieran años.

En apenas tres meses, el gobierno de derecha en el que Mauricio Macri pone la cara, desmanteló los programas de asistencia sanitaria; los de agricultura familiar; los de educación sexual; los de asistencia jurídicay psicológica a las víctimas; los programas de defensa al consumidor; el programa Conectar Igualdad que brindaba educación y asistencia remota a docentes que trabajaban con nuevas tecnologías en las aulas; las rutas de Aerolíneas Argentinas para beneficiar a empresas privadas y el Centro Cultural Néstor Kirchner, único en latinoamérica por sus características edilicias y su programación de primer nivel, entre otras medidas.

Las medidas económicas favorecen principalmente a las multinacionales que ahora pueden exportar sin pagar retenciones, a los bancos que ya no tienen la obligación de prestar dinero a pequeñas empresas y se les permite cobrar las tasas de interés que quieran; y a los terratenientes que vieron incrementados los valores de sus propiedades.

El estado ha desaparecido para el ciudadano común, y lenta e indisimuladamente se reconvirtió en una Sociedad Anónima. Y en las empresas, los empleados son un costo.

El empresario Macri despidió 50.000 trabajadores estatales. Y la actividad privada, unos 60.000.

Son 110.000 familias sin empleo. Sumadas a las incontables que vieron disminuídos sus ingresos como consecuencia de esta ola de despidos, que arrasa con la dignidad de los trabajadores y con sus sueldos.

El poder judicial, convertido en una mascarada, inventa causas penales contra la ex presidenta Cristina Fernández de Kirchner, sus funcionarios, o dirigentes sociales como la diputada del Parlasur, Milagro Sala.

El hostigamiento policial, para infundir temor en los ciudadanos, no cesa.

Los niños y adolescentes son retenidos en plena calle por policías que les exigen sus documentos y revisan sus pertenencias cuando van o vuelven de la escuela. Pero también, con inusitada presencia y prepotencia en las manifestaciones de trabajadores que reclaman por sus derechos.

Un grupo de docentes de la provincia de Santiago del Estero, una de las más pobres de nuestro país, se manifestó en contra de la gobernadora, por pretender mantener un sueldo básico equivalente a un tercio del salario mínimo vital y móvil. Fueron reprimidos por policías sin identificar, con balas de goma, gases lacrimógenos y perros entrenados, y las imágenes de este salvajismo fueron conocidas en las redes sociales, ya que ningún medio dominante las difundió. Diez de los docentes organizadores de la protesta, absolutamente pacífica, fueron encarcelados. Todos ellos heridos.

En la foto difundida por los mismos organizadores de la marcha, el Círculo Santiagueño de Docentes de Enseñanza Media y Superior (CISADEMS); puede observarse al docente Ariel Pellegrine en el momento en que era esposado, luego de que 5 policías lo apalearan con sus bastones. Ariel enseña en las escuelas a la que concurren los hijos de esos policías.

Dos días más tarde, Facundo Maldonado, profesor de literatura en escuelas rurales, orador de la marcha docente, fue apuñalado por dos encapuchados a las 6 de la mañana, cuando esperaba en la soledad de una ruta, que lo pasaran a buscar sus compañeros de escuela para ir a trabajar. No le robaron nada. No le dijeron nada. Continúa internado y su estado es reservado. Mientras, en cada escuela de la provincia, la policía pasa a tomar lista a los maestros.

A 1000 km de allí, en la Ciudad de Buenos Aires, 6 encapuchados bajaron de una camioneta y abrieron fuego sobre integrantes de la Murga Los Reyes del Ritmo, la misma que había sido atacada por las fuerzas de seguridad hace un mes, con balas de goma. En esa oportunidad, dejaron varios heridos, muchos de ellos niños, y el gobierno quiso disfrazar el hecho como un “enfrentamiento entre narcos” y por las filmaciones de los vecinos pudo conocerse la verdad. El hecho fue silenciado en los medios de comunicación . Ahora mataron a 2 personas. Los medios lo difundieron como “enfrentamiento narco”.

A 400 km de ese lugar, ese mismo día, un grupo sin identificar, destruyó la vivienda del Premio Nobel de la Paz, Adolfo Pérez Esquivel, un defensor de los derechos humanos. En los días previos, había enviado una carta al presidente de los EEUU, Barack Obama, solicitando que se abstenga de participar en los actos de conmemoración del 40º aniversario del golpe militar en nuestro país, porque su presencia como jefe del estado que financió y protegió dicho golpe, era insultante. La casa de Adolfo Pérez Esquivel en la ciudad de Mar del Plata, fue saqueada, arrancados y destruídos sus sanitarios, cocinas, alacenas y todo el dormitorio.

En esa ciudad, desde hace un año, cuatro grupos fascistas se dedican a amedrentar a la ciudadanía. Los pobladores, en noviembre, votaron un cambio, y ahora gobierna la ciudad un aliado de Macri, Carlos Arroyo, que se presentó como quien podía poner “orden” . Desde su llegada a la intendencia, estos grupos pasaron de las pintadas callejeras xenófobas, a la violencia física contra inmigrantes, indigentes, gays, lesbianas, trans o travestis. La inacción policial, judicial , municipal y de la gobernación, hace presuponer cierta connivencia estatal ya que dichos grupos hacen alarde de sus delitos en las redes sociales. No sólo son violentos, sino que difunden su mensaje y tropelías para amedrentar ; en una clara demostración de impunidad.

La derecha más abyecta está mostrando sus garras. La desocupación; el hambre; la falta de atención médica y judicial, están haciéndose conocer en toda la población; mientras que quienes se opongan y lo manifiesten, conocen la otra cara del gobierno, la de la represión policial y los grupos de tareas parapoliciales.

La monopolización de la palabra a través de la censura a los periodistas, y asfixiando financieramente a los medios de comunicación más pequeños, invisibiliza la represión que están comenzando a desatar para imponer un plan económico genocida.

Con apenas 100 días del gobierno de derecha, y a 40 años del horror de la dictadura, los argentinos ya podemos decir que los dictadores, volvieron.

Y esta vez no llegaron con las botas. Llegaron con los votos.

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