Redação.
Às 8 da noite de Brasil, através da Globo TV de Honduras e seu programa Interpretando a Notícia, de David Romero e Héctor Amador chegou a confirmação de que o Presidente Manuel Zelaya Rosales aceitava a Coordenação Executiva da Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras. A seguir A carta de resposta de Mel Zelaya, em português.
A continuação a carta do Presidente Manuel Zelaya Rosales na íntegra:
Com motivo da nomeação para a Coordenação Geral do Comitê Executivo da FNRP
Para nós, a família Zelaya Castro e Zelaya Rosales, que sabemos valorar a força e a responsabilidade com que tomaram essa decisão, sem lugar a dúvidas honra a luta, os princípios e a causa que defendemos desde faz muitos anos.
Reconhecemos o valor da Frente Nacional de Resistência Popular, o que representa sua existência e seu fortalecimento para o momento histórico que vivemos todos os hondurenhos e hondurenhas.
Manifesto que nunca tenho necessitado nenhum cargo para defender os pobres e o povo hondurenho, e quero deixar constância que em todo este tempo de provados e de tragédia, nunca tenho um pedido um cargo para apoiar a Frente: só desejo um lugar, uma trincheira de luta à par do POVO que tanto amo.
Manifesto que tendo decidido que esteja de novo na frente de batalha este seu servidor –morazanista, filho de Cinchonero em Olancho, descendente de Guillén Zelaya e Lorenzo Zelaya, receberei gostoso os ataques do inimigo até ver como cai derrotado, e vencer-lhe.
Tenho demonstrado na minha vida que sou um democrata por causas justas, humanas e pacíficas; tenho enfrentado sem temor a oligarquia e seus tentáculos no norte da América, aos Estados Unidos. Arrisquei minha vida muitas vezes, e estou disposto a fazê-lo. E o farei mais uma vez a pedido da Frente.
Prefiro morrer mil vezes defendendo o povo que me viu nascer, que permitir-lhes que fiquem impunes os crimes e assassinatos que têm cometido!
Sou cristão, liberal de berço – agora pró-socialista -, estou em contra dos que apregoam a morte e a violência. Acredito que as coisas materiais escravizam o homem. Por isso me tenho proclamado como um crítico de fora e fundo do neoliberalismo, do capitalismo selvagem, sem limites, que se pratica em nossas terras.
Não comparto o imperialismo como forma de submeter nossos povos à vil pobreza.
Acredito na Liberdade, por isso abri Honduras ao mundo, aos povos do Sul, que praticam o Socialismo como etapa avançada do Liberalismo Social. Acredito na igualdade, como princípio do humanismo.
E vocês são testemunhas presenciais de que por estas razões e muitas outras uni minha vida aos trabalhadores, aos campesinos, ao magistério e aos operários. Junto com Xomara, às mulheres indígenas, chefas do lar, às mulheres com AIDS e às mães solteiras.
E por esta gente e estes princípios, ninguém poderá me afastar da Frente Nacional de Resistência Popular, pois esses setores estão aqui representados, são as grandes maiorias nas que se sente o futuro das mudanças que precisa Honduras.
Por isso, manifesto que a posição que me propõe para coordenar a Frente, a aceito sem reservas de nenhuma natureza. Construiremos a nova Constituição e, de igual modo, faremos a Assembléia Nacional Constituinte.
Juntos, cheios do princípio do humanismo pacífico, mas, revolucionário, re-fundaremos a Honduras solidária, a do Poder Cidadão, a Honduras revolucionária. Seguiremos o sonho morazânico da Unidade da América Central.
Honduras do povo para o povo e pelo povo, nunca mais a Honduras de uns poucos. Compatriotas, companheiros, companheiras: Em relação aos últimos acontecimentos, discussões e problemas que tem gerado a organização da Frente, proporei na próxima segunda-feira um Plano de Trabalho amplo, para que seja discutido, analisado, reformado e aprovado pelo Comitê Executivo.
Todos queremos uma Frente Revolucionária, mas, Ampla, de portas abertas, de debate. Temos a razão?, pois debatamos para criar mais consciência. Queremos entregar a Honduras uma Nova Constituição. Não retalhos, nem remendos. Uma Assembléia Nacional que nos ofereça os instrumentos para uma Honduras justa e desenvolvida, para que todos e todas comungando com estas idéias se unam, que ninguém seja excluído.
Devo dizer ao povo que tenho clareza do que faço, que confiem em mim.
Faço um chamamento ao meu Partido Não Golpista, ao Partido Liberal em Resistência, que não se mancha as mãos de sangue com o tirano e sanguinário Micheleti; aos democratas liberais, que nos somemos à Frente.
Os problemas vão se resolver. A Frente não é um partido político. Não a vejam como concorrência, senão como a verdadeira plataforma de luta do povo no Século XXI. Ninguém me convence do contrário: a Frente é a verdadeira expressão das lutas do povo hondurenho no século XXI.
É verdade, é uma expressão de diferentes tendências, liberais, socialdemocratas, socialistas. Por isso considero que seria um erro neste momento, por enquanto, fazer da Frente um partido político. Mas, agora é a verdadeira esperança de mudança justa.
Companheiros, companheiras: Como democrata, humanista, reitero sem reservas de nenhuma natureza: aceito o desafio, o reto que me propõem! E com humildade serei um servidor, um militante, um revolucionário contra os golpistas e seus herdeiros.
Mel Zelaya, República Dominicana, 12 de julho de 2010.