Yankwashing: como o império apaga a verdade. Por Gerry Nolan.

O exército dos EUA é frequentemente visto como uma força inflada, superestimada e ineficaz na história moderna, comparável a um esquema de proteção mal administrado, reminiscente de Tony Soprano. A história provavelmente registrará os Estados Unidos como um império que surgiu mais por acaso do que por design.

Por Gerry Nolan.

Os Estados Unidos não apenas reescrevem a história, eles a apagam deliberadamente. A lavagem cerebral é tão completa que os estadunidenses vivem em um estado constante de amnésia histórica, cegos para os fracassos de seu país, exagerando suas vitórias e apagando as contribuições de outros. De 1812 à Segunda Guerra Mundial, ao Vietnã e ao Iraque, a verdade é reduzida a uma nota de rodapé ou completamente enterrada. O resultado? Uma população que aplaude guerras intermináveis enquanto se apega a uma falsa narrativa de superioridade moral e militar.

Veja a Guerra de 1812, por exemplo. No Canadá, ela é uma pedra angular da história nacional: uma história de Davi e Golias em que as forças britânicas e canadenses não apenas repeliram uma invasão estadunidense, mas marcharam até Washington e incendiaram a Casa Branca. No entanto, nos livros didáticos estadunidenses, ela mal aparece como uma nota de rodapé e, quando é mencionada, é colorida como um “empate”. Um empate? Os Estados Unidos tinham todas as vantagens: mão de obra, geografia e recursos. A Grã-Bretanha, preocupada com as guerras napoleônicas, enviou recursos limitados para o outro lado do Atlântico, mas, mesmo com essas limitações, as forças britânicas e canadenses esmagaram decisivamente a invasão estadunidense. Em 1814, com Napoleão derrotado, a Grã-Bretanha enviou novos reforços, deu os golpes finais e marchou até Washington para queimar a Casa Branca. Mas o império prefere que seus cidadãos acreditem que sua bandeira foi hasteada heroicamente, não que ela sobreviveu implorando por misericórdia.

A Segunda Guerra Mundial é outro exemplo gritante. Os sacrifícios da União Soviética são minimizados para sustentar o mito dos Estados Unidos como o único salvador da liberdade. Trump afirmou recentemente que “70 milhões de soviéticos morreram para ajudar os estadunidenses”, o que é absurdo em muitos aspectos. Primeiro, o número real está mais próximo de 26 milhões. Em segundo lugar, os soviéticos não “ajudaram” os estadunidenses, eles venceram a guerra. O Exército Vermelho destruiu mais de 75% das forças nazistas, lutando contra as melhores divisões da Wehrmacht na Frente Oriental, enquanto os Aliados enfrentaram tropas de segundo escalão: a Juventude Hitlerista e recrutas de meia-idade na Normandia. Mas isso não se ouve nas salas de aula estadunidenses, onde o Dia D é exaltado e Stalingrado é uma reflexão tardia.

E ainda há o Vietnã: uma guerra que a maioria dos estadunidenses não consegue sequer localizar em um mapa, muito menos justificar. O império a apresentou como uma cruzada contra o comunismo, mas na realidade foi uma invasão e ocupação ilegal. Milhões de civis vietnamitas foram massacrados, seus vilarejos bombardeados em massa, suas terras envenenadas com o Agente Laranja. No entanto, muitos estadunidenses ainda se apegam à fantasia de que eles foram as vítimas. O mesmo roteiro se desenrolou no Iraque, com armas de destruição em massa fabricadas e a mídia saudando uma guerra que matou alguns milhões de civis e desestabilizou toda uma região. Os estadunidenses ainda perguntam: “Por que eles nos odeiam?”, como se a resposta não estivesse escrita nos escombros de Bagdá.

Enquanto isso, os EUA dão lições a seus vassalos por não pagarem o suficiente para a OTAN e exigem que eles gastem 5% do PIB em defesa. Para quê? Que tipo de retorno sobre o investimento os EUA obtêm por seus trilhões de dólares gastos em defesa por ano? Para serem humilhados por produtores de arroz no Vietnã e terroristas que usam sandálias no Afeganistão? Nenhum império que perde para guerrilheiros descalços tem o direito de dar lições a ninguém sobre gastos militares. O exército dos EUA é a força mais patética, inchada e superestimada da história moderna, um esquema de proteção de má qualidade feito à imagem de Tony Soprano. A história se lembrará dos Estados Unidos como o império acidental.

Essa lavagem cerebral não é um acidente. O Estado profundo e seus aliados da mídia, Mockingbird, aperfeiçoaram a arte da lavagem de imagem ianque, criando uma narrativa em que os Estados Unidos são sempre o herói, nunca o agressor. O objetivo é esconder a verdade e usar a ignorância como arma, para garantir que o público estadunidense aplauda a próxima invasão, a próxima “intervenção”, a próxima aventura imperial.

Por quanto tempo um império pode sobreviver em um alicerce de mentiras? Pois, à medida que o mundo multipolar (Rússia, China, Sul Global) cresce, a verdade se torna cada vez mais difícil de ser sepultada. A história acabará julgando os Estados Unidos não como uma superpotência benevolente, mas como um império decadente que queimou o mundo enquanto mentia para seu próprio povo.

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