O empresário Carlos Wizard não aguentou o tranco e pediu para ‘deixar’ o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), após o “conselheiro” comprar briga com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Em nota, Wizard informou neste domingo (7) que não vai mais colaborar com o Ministério da Saúde na função de “conselheiro” do atual ministro, Eduardo Pazuello.
Nas últimas semanas, Wizard vinha participando de reuniões na pasta sobre a pandemia do coronavírus. Ele não chegou a ser nomeado no “Diário Oficial da União” e, por isso, também não recebeu dinheiro público.
Na prática, Wizard caiu antes mesmo de entrar no governo.
Na nota, o empresário afirma que chegou a ser convidado para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Mas, segundo o texto, ele recusou.
“Agradeço ao ministro Eduardo Pazuello pela confiança, porém decidi não aceitar para continuar me dedicando de forma solidária e independente aos trabalhos sociais que iniciei em 2018 em Roraima”, diz o comunicado (veja íntegra abaixo).
Nesta sexta (5), Wizard afirmou que o ministério iria revisar os dados de contaminados e mortos pelo novo coronavírus, com base em uma suspeita de que os estados estariam “inflando” os números. A declaração gerou reações negativas fortes ao longo de todo o fim de semana.
Desde a saída do ministro Nelson Teich, em maio, Wizard vinha sendo cotado para assumir o cargo. Formado em estatística e ciência da computação, o empresário não tem qualquer formação em medicina ou em gestão pública.
Como empresário, Carlos Wizard é dono de empresas de venda de produtos naturais e de sistemas de pagamento virtual.
Declaração polêmica
A declaração polêmica de Wizard, sobre a “recontagem” dos mortos por Covid-19, foi publicada pela coluna da jornalista Bela Megale, de “O Globo”. O Ministério da Saúde ainda não confirmou essa decisão.
De acordo com o blog, Wizard disse que “tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid.”
O “anúncio” do então colaborador do governo gerou reação por parte do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que reúne os gestores dos 26 estados e do Distrito Federal. O órgão divulgou no sábado (6) uma nota em que repudia as afirmações de Wizard.
Na nota, os secretários estaduais classificam a acusação como uma “tentativa autoritária, insensível, desumana e anti-ética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19”.
Ainda de acordo com o Conass, ao levantar suspeita sobre os dados, Carlos Wizard revelou “profunda ignorância sobre o tema” e “insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias”.
Na nota divulgada, o empresário pede desculpas pela declaração.
Íntegra
Leia a íntegra da nota publicada pelo empresário Carlos Wizard:
Informo que hoje (7/junho) deixo de atuar como Conselheiro do Ministério da Saúde, na condição pro bono. Além disso, recebi o convite para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta. Agradeço ao ministro Eduardo Pazuello pela confiança, porém decidi não aceitar para continuar me dedicando de forma solidária e independente aos trabalhos sociais que iniciei em 2018 em Roraima.
Peço desculpas por qualquer ato ou declaração de minha autoria que tenha sido interpretada como desrespeito aos familiares das vítimas da Covid-19 ou profissionais de saúde que assumiram a nobre missão de salvar vidas.
Carlos Wizard Martins
Com informações do G1