Vulva a liberdade: a marcha das vagabundas em Florianópolis
Em Toronto no Canadá, um policial que palestrava sobre segurança no campus de uma universidade, disse a seguinte frase: “As estudantes devem evitar se vestir como vagabundas para não serem vítimas de assédio sexual ou estupro”.
Mas ele, infelizmente, não está sozinho quando o assunto é falar absurdos sobre uma questão tão séria como o estupro. Por exemplo, o famoso humorista do programa CQC, Rafinha Bastos, pronunciou certa vez em tom de humor macabro: “Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço”.
Eventos como esses reforçam o arraigado pensamento machista existente na nossa sociedade, o qual defende que: as mulheres são as culpadas dos estupros e não as vítimas, não podem assumir seus desejos, escolher o que vestir, com quem transar e jamais podem exigir respeito caso escolham a profissão mais antiga do mundo.
Como resposta a esse pensamento, surgiu então a Marcha das Vagabundas, que ocorreu primeiramente no Canadá, ganhou o mundo, inclusive o Brasil, e hoje, dia 18/06/2011, estourou em Florianópolis.
A marcha que começou na Catedral Metropolitana de Florianópolis e depois ganhou a Avenida Beira Mar Norte, seguindo com as seguintes reivindicações e gritos de guerra:
-“Se eu quisesse que me comessem, me vestiria de sanduíche!”
– “Prostituição é profissão!”
-“A luta é todo dia, mulheres não são mercadorias!”
-“Rafinha Bastos não vou abraçar estupradores!”
-“Meu corpo, minhas regras!”
-“Se ser vagabunda é assumir meus desejos, escolher o que visto e com quem eu transo, então nós somos!”
A marcha também trouxe a tona um dos casos de estupro que mais chocou Florianópolis nos últimos tempos, onde uma garota de 13 anos foi violentada por três menores, dos quais um deles era filho da central de mídia RBS. O caso além de abafado pela grande mídia também foi camuflado pela justiça que deu aos jovens uma pena tão branda, que chegamos à conclusão que os ricos nessa cidade têm todo direito de estuprar.
Aos brados a multidão gritava: “Estupro RBS, a gente não esquece!”, esse momento contrariou muitos comentários, principalmente aquele famoso de que a população brasileira esquece fatos com facilidade.
De qualquer modo foi muito lindo ver uma marcha que além de defender os direitos das prostitutas e mulheres, defendia também a liberdade de expressão de todas as formas: midiática, estética, política, profissional.
Gostaria então, de finalizar este artigo propondo uma forma eficiente de evitar os estupros. Por que ela é eficiente? Porque ela é destinada aos verdadeiros culpados e não as vítimas.
Ela é baseada em 10 regrinhas, as quais seguem abaixo:
1. Não coloque drogas nas bebidas das pessoas para controlar o comportamento delas.
2. Quando você vir alguém andando sozinha, deixe-a só.
3. Se você encostar seu carro para ajudar alguém com problemas no carro, lembre-se de não estuprá-la.
4. Nunca arrombe uma janela ou porta trancada sem ser convidado.
5. Se você estiver num elevador e mais alguém entrar, não a estupre!
6. Use o sistema de amizades! Se você não for capaz de deixar de estuprar as pessoas, peça a um amigo para ficar com você enquanto estiver em público.
7. Seja sempre honesto com as pessoas! Não finja ser um amigo preocupado para conseguir a confiança de alguém que você pensa em estuprar. Pense em falar pra ela que você pensa em estuprá-la. Se você não comunicar suas intenções, a outra pessoa pode ver isso como um sinal que você não pensa em estuprá-la.
8. Não se esqueça: você não pode transar com alguém a menos que ela esteja acordada!
9. Leve um apito! Se você está preocupado que pode estuprar alguém acidentalmente, você deve dar o apito à pessoa com quem você está para que ela possa usá-lo se você tentar alguma coisa.
10. Não estupre.
Regras tiradas do site: http://www.sedentario.org/polemica-escandalo/dicas-para-a-prevencao-de-estupros-42429
Ao que praticam esse tipo de violência, por favor, sigam as regras! Para ficar mais fácil, não esqueça que as mulheres têm escolha e não estão no mundo para a sua satisfação, seja ela sexual ou de qualquer outro tipo.
Foto: Lívia Monte (celular)