As circunstâncias extraordinárias em que transcorreu o Primeiro de Maio deste ano imprimem à data de hoje uma importância excepcional para o movimento proletário mundial. As demonstrações do Primeiro de Maio não deveriam se limitar aos costumeiros brados de protesto e revolta contra a exploração capitalista. Nem tampouco devem circunscrever-se, em suas ordens do dia, ao reclamo de reivindicações imediatas de natureza local.
O ítem culminante nas moções dos comícios de hoje, em todos os países, deve ser este: a afirmação da mais alta e mais ativa solidariedade internacional dos trabalhadores com a Rússia dos sovietes. É necessário que o capitalismo sinta, por excelência proletária, que os trabalhadores do mundo se acham de corpo e alma ao lado dos operários e camponeses da Rússia, heróicos batedores da revolução mundial.
Uma tal demonstração de solidariedade em prol da Rússia sovietista constitui, a bem dizer, um mínimo do que lhe deve o proletariado internacional. Só, isolada, bloqueada, guerreada por todos os lados, a Rússia proletária tem sabido defender e sustentar a bandeira vermelha do trabalho à custa dos maiores e mais pesados sacrifícios. A revolução na Rússia não é uma revolução nacional, mas o início da revolução mundial. Os trabalhadores russos sofrem e morrem, por conseqüência, não apenas por si sós, mas também pela família obreira do mundo inteiro. Manifestar-lhes os mais fraternais sentimentos de solidariedade, neste grande dia, é pois o mínimo do que a eles se deve. Eles têm feito pelos trabalhadores da terra — tudo; que os trabalhadores da terra façam por eles hoje, pelo menos esse pouco — uma palavra de apoio e fraternidade.
Obrigados pela trágica e imperiosa necessidade, os Sovietes se defrontam, neste momento, com os Estados capitalistas, procurando estabelecer, com os mesmos, um acordo momentâneo — até que esses Estados tenham sido batidos pelos respectivos proletariados — acordo de onde possam retirar as maiores possibilidades de vida, e, conseqüentemente, mais seguras possibilidades de triunfo final. Ora, é evidente que as vantagens do acordo a ultimar-se em Gênova serão tanto maiores, para os russos, quanto mais for a pressão proletária, exercida dentro de cada país, a favor dos sovietes. Assim, no Primeiro de Maio deve-se tal pressão assumir o caráter de uma grandiosa manifestação internacional de solidariedade pró-Rússia, fazendo reboar pelos quatro cantos do mundo o clamor das classes operárias, uníssono e poderoso: viva a Rússia dos sovietes! Porque este grito: viva a Rússia dos sovietes!, eqüivale por sua repercussão e por sua significação a este outro: viva a revolução mundial!
Fonte: Marxists. org.