“Eu acredito é na rapaziada; eu boto fé e na fé da moçada” (Gonzaguinha)
Com base em algumas formações.
Seja específico. Evite clichês.
Basta de “Vou melhorar a saúde e a educação e o saneamento básico e…”.
Troque por falar de Dona Maria e o seu ônibus lotado às seis da manhã quando passa pela Av. Getúlio Vargas alagada.
Use sua própria voz. Não emposte a voz. Não a carregue. Não tente enganar fazendo-se passar por quem você não é. O povo não é besta.
Política é vida. Portanto, fale da… vida!
Mencione nomes de pessoas. Quanto mais significativas melhor.
Cuidado com números, principalmente se não tiver claridade sobre o que representam.
Não tenha medo de pedir ajuda. Muito menos vergonha. A imensa maioria das sociedades são pessoas pobres que não tem vergonha da sua condição social. Pelo contrário, orgulho. Identifique-se com essas e não com milionários, que são poucos (em comparação com os pobres).
Peça ajuda também sobre a forma como você se apresenta, em todos os sentidos, inclusive roupas, forma de vestir, de comportar-se em público. As pessoas sabem mais sobre você do que você pensa. Pergunte pra elas. Use o afeto que elas sentem por você.
Substitua falar de pautas morais (uso de drogas, aborto, pena de morte) por Direitos Sociais: liberdade individual e coletiva, consciência sobre a sua própria saúde, direitos sexuais e reprodutivos, presunção de inocência… Perceba aos poucos as palavras mudando de significados, antes atribuídos a problemas e coisas negativas, substituindo-se por palavras mais agradáveis, embora tratem de temas complexos a serem enfrentados – e não jogados para debaixo do tapete da falsa moral.
Aborde o medo, sem medo. Fale do que as pessoas sabem que não querem, mais do que não sabem o que querer.
Mencione suas redes sociais. E as tenha, claro. E as mantenha (atualizadas), mais claro ainda.
Seja universal, pense localmente. O exercício de associar questões globais ao seu dia-a-dia local é construtivo, pra você e pras pessoas interlocutoras.
Aborde temas interessantes como a história da sua cidade e dos personagens e territórios. Provocam identificação imediata com sonhos e aspirações e inspirações.
Use ainda mais a história a seu favor (o que não querem os inimigos do povo, por exemplo). Proponha temas específicos, temporais, atuais, mesmo que passados, com vínculos com o presente: a pandemia do Covid, a escravização, o processo constituinte brasileiro de 1988…
Fale do futuro, também. De quando acabar o seu mandato. De como as pessoas se veem daqui a quatro anos. Dos planos que elas precisam ter.
Declare-se em público e confirme não desejar ser um político eternamente agarrado ao poder. Fale do seu prazo de validade como pessoa candidata. Deseje ser substituído por alguém sempre melhor que você. Acredite nisso. Saia da frente. Dê passo. Não seja insubstituível. Aferre-se a isso.
Fale do que você mais sabe, da sua profissão (mesmo que não tenhas aquele diploma), dos seus estudos, do conhecimento que você possui sobre o seu bairro, sua escola, sua cidade…
Mencione momentos de superação, criando identificação com pessoas que estão passando pela mesma situação agora mesmo ou já o superaram também.
Seja intolerante com os intolerantes. Leia sobre o Teorema de Popper.
Diga bem alto, “aprendi que…”. O Conhecimento liberta e as pessoas sabem disso e adoram a sensação de aprender. Seja sempre um eterno aprendiz.
Mencione artistas, obras, músicas, poemas, sem errar por favor. Um erro pode ter um efeito contrário devastador.
Mencione também nomes de pessoas, famosas ou não, que te apoiam. Rodeie-se de energias positivas. Aquela professora, por exemplo…
Sirva-se de 3 ou 5 ou 1 frase de efeito. Manchetes que resumam seus melhores pensamentos. Seja objetivo. Eu, por exemplo, pratiquei nesse texto, assim.
Aquele abraço. E lembre-se que vencer na vida é isso, muito mais que vencer uma passageira eleição.
Barcelona, 1 de outubro de 2024.
@1flaviocarvalho, @amaconaima, sociólogo e escritor.
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