Em abril de 2018, o general pressionou o STF para que decidisse contra um habeas corpus do ex-presidente Lula. Diversos ministros de Bolsonaro foram consultados, e ele relata que o teor das mensagens era ainda mais intervencionista.
Em uma nova publicação da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o ex-comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, admite ter conspirado contra a Justiça brasileira.
Em abril de 2018, Villas Bôas buscou pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) para que decidisse contra um habeas corpus levantado pela defesa do ex-presidente Lula.
Faltando dois dias para o julgamento, o general foi ao Twitter:
“Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”, dizia a primeira postagem, feita no dia 3 de abril.
“Asseguro à nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”, completava.
No livro, Villas Bôas relata que o teor das mensagens que ele iria enviar era ainda mais incendiário.
A situação foi apaziguada por ministros de Jair Bolsonaro, que foram consultados pelo general.
Estes eram o então ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, Fernando Azevedo, atual chefe da pasta, Luiz Eduardo Ramos, chefe da Secretaria de Governo, e o atual chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto.
Outros também foram acionados, como o general da reserva Alberto Mendes Cardoso, conhecida voz moderada, e outros generais quatro estrelas.
O livro revela ainda dois fatos de extrema gravidade. Primeiro, o ex-comandante reitera não se arrepender do gesto.
Segundo, ele admite o crescimento, dentro do Exército, do apoio a Jair Bolsonaro e a aversão crescente à esquerda brasileira, demonstrando um claro quadro de alinhamento político nas Forças Armadas.
As informações foram reveladas na Folha de S.Paulo.
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