Nesta segunda-feira (14), a jornalista Luciana Taddeo, baseada na Argentina, divulgou vídeo que mostra o momento em que o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) deixou a cerimônia de posse do novo presidente do Chile, Gabriel Boric, na última sexta-feira (11), aos gritos de “Fora, Bolsonaro”, “Marielle presente” e “viva Lula”.
O fato já havia sido noticiado pela Fórum a partir de relatos de algumas pessoas que estavam presentes na cerimônia, mas sem imagens.
Os gritos contagiaram os chilenos no local e foram puxados pelo presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, e por Anielle Franco, diretora do Instituto Marielle Franco. Mourão concederia uma entrevista mas, visivelmente irritado, desistiu de falar diante dos gritos de protesto.
Assista à cena
O vice-presidente Hamilton Mourão deixou o palácio legislativo do Chile na última sexta, após a cerimônia de posse do Gabriel Boric, sob gritos de "Marielle Presente" e "Fora, Bolsonaro". Entre as pessoas que gritaram estavam @aniellefranco e @julianopsol, convidados de Boric. pic.twitter.com/wpSvhaQJ33
— Luciana Taddeo (@lutaddeo) March 15, 2022
Boric assume o Chile em um misto de esperança e dificuldades
“A esperança venceu o medo”, disse Gabriel Boric em discurso feito logo após ser eleito presidente do Chile. Boric conseguiu vencer o ultradireitista José Antonio Kast, o “Bolsonaro chileno”, com a maior votação já conquistada por um presidente na história do país, 4,6 milhões de votos, e a segunda maior margem percentual desde a redemocratização.
O contundente resultado das urnas não diminui as dificuldades que o presidente eleito terá de enfrentar, em um país que vive uma tensa crise social provocada pelo desgaste do modelo neoliberal imposto na ditadura de Augusto Pinochet.
Entre os principais desafios estão o enfrentamento das consequências da pandemia da Covid-19, a crise no sistema de aposentadorias, o desemprego de mais de 8% (que ultrapassou os 10 dígitos em 2020) e, é claro, a reforma da Constituição que tem sido conduzida por uma Assembleia Constituinte.
Além disso, o presidente terá a difícil missão de dialogar com um Congresso bastante dividido, onde a direita tradicional conseguiu manter uma grande bancada, apesar do fracasso do governo de Sebastián Piñera em produzir um sucessor.