Por Suzana Camargo.
Virou uma mania mundial. Para a geração que nasceu no universo digital, os games fazem parte da rotina diária. Mas o que até então era considerado “mania” foi classificado esta semana, pela primeira vez, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como um problema de saúde mental.
No documento International Classification of Diseases, divulgado na segunda-feira (18/06), os jogos eletrônicos são apresentados como “vício”.
As recomendações elaboradas pela OMS são divulgadas anualmente e servem como guia para médicos, profissionais de saúde e instituições da área para ajudar no tratamento e diagnóstico de doenças e possíveis causas de mortes.
Apesar de o vício em álcool e drogas ter um efeito muito mais arrasador e fatal sobre a vida das pessoas, a compulsão por games também causa danos graves.
Segundo o documento, são três os sintomas que podem indicar que alguém está viciado em jogos eletrônicos:
– o game se torna tão importante para o indivíduo que ele deixa de lado outras atividades;
– mesmo quando os efeitos negativos das horas e horas passadas em frente a uma tela já são perceptíveis, o jogador continua tendo o mesmo ritmo ou até, o aumenta;
– a compulsão pelo jogo é tão grande que afeta hábitos alimentares, de sono e físicos, prejudicando inclusive, o convívio social e a performance no trabalho.
Os sintomas não deixam de ser muito parecidos com aqueles manifestados por usuários de drogas. A diferença é que para estes últimos, o problema é engatilhado por substâncias químicas e no caso dos games, por uma desordem mental.
Segundo Vladimir Poznyak, membro do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS, não há exames que atestem o vício em jogos, mas somente um exame clínico feito por um médico. A mudança de comportamento deve persistir por mais de 12 meses. “Nosso objetivo é alertar os profissionais de saúde sobre esta condição e auxiliar as pessoas que têm o problema a buscar a ajuda apropriada”, destaca.
Já existem clínicas em alguns países especializadas no tratamento de viciados em jogos eletrônicos, assim como os chamados “jogos de azar” (bingos, jogos de cartas). Em geral, os pacientes passam por terapias cognitivas, que incluem, sobretudo, o apoio de familiares e amigos.
Vale ressaltar, entretanto, como o próprio Poznyak afirma, que gostar de games não implica em vício. Milhões de pessoas gastam horas em batalhas online, mas nem por isso têm um problema mental.
Como tudo na vida, o importante é o equilíbrio. Para os pais, a recomendação é prestar atenção: o sinal vermelho só deve ser ligado quando a criança começa a preferir o game em detrimento de estar perto dos amigos ou então, quando ele afeta seu desempenho escolar, familiar e sua saúde.
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante seis anos. Entre 2007 e 2011, morou em Zurique, na Suíça, de onde colaborou para diversas publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Info, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Atualmente vive em Londres.