Vestígios de Martinho de Haro

Historiador de arte Ivo Mesquita aborda identidade e resistência no programa Retroprojetor: Encontros do Olhar.

Ivo Mesquita – Foto DIvulgação

Ivo Mesquita, historiador da arte, curador e escritor independente que vive em São Paulo, dono de um vasto currículo na cena das artes visuais do Brasil, é o convidado do programa Retroprojetor: Encontros do Olhar, que realiza na próxima segunda-feira, dia 26, às 19h30, no Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, em Florianópolis (SC), a terceira conferência de uma série de seis. “A Resistência da Figura: Martinho, Di Cavalcanti e Outros Brasileiros entre 1945 e 1955” é o tema a ser apresentado por Mesquita na agenda que entrecruza duas exposições da instituição, “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis” aberta até 1º de julho, e a próxima, “Elke Hering: Metamorfoses” que abre no dia 20 de julho. Produto cultural totalmente patrocinado pela Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação), o projeto expositivo de Martinho conta com o apoio das empresas Dígitro e Ibagy e possibilita uma agenda de encontros e reflexões sobre o artista catarinense.

Idealizada em formato híbrido pelo professor e pensador Raul Antelo, a iniciativa do próximo dia 26 tem a mediação de Antelo no Instituto Collaço Paulo e Ivo Mesquita falando virtualmente de São Paulo pela plataforma Zoom. Com entrada gratuita a participação é por ordem de chegada e as vagas são limitadas.

As duas primeiras conferências do programa enfocaram a produção de Martinho de Haro, a primeira proferida por Antelo e a segunda por Rosângela Cherem, ambas realizadas de modo presencial. As próximas edições estão previstas para 31 de julho, 28 de agosto e 25 de setembro sempre às 19h30, com falas de Raul Antelo, Bianca Tomaselli e Andrea Giunta, respectivamente – os três com abordagens em torno da exposição “Elke Hering: Metamorfoses”, cuja curadora é Denise Mattar.

Ivo Mesquita tem no currículo atuações na direção técnica e curadoria da Pinacoteca do Estado de São Paulo (2003/15), a direção artística da 28ª Bienal de São Paulo (2008) e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1999-2002), além de professor visitante no Center for Curatorial Studies, Bard College, em Nova York (1996-2007), e pesquisador e curador assistente na Fundação Bienal de São Paulo, um lastro de experiências capaz de produzir expectativas. Na conferência “A Resistência da Figura: Martinho, Di Cavalcanti e Outros Brasileiros entre 1945 e 1955”, ele expõe seus pontos de vista sobre identidade e resistência, ou seja, o programa de uma arte social, comprometida com a cultura popular e as transformações da sociedade, no Brasil e na América Latina, com bases no movimento muralista mexicano (1922-1938). Conforme propunha o movimento, artistas como Di Cavalcanti (1897-1976), Carlos Scliar (1920-2001) ou Pancetti (1902-1958) propagaram uma estética com base na lição cezaniana e na figuração classicizante de Picasso (1881-1973) no “Retorno à Ordem” (1917-1925). “Foi uma estratégia importante na construção de uma visualidade brasileira moderna e resistente ao colonialismo cultural”, diz Mesquita.

Viés conceitual dos encontros

O programa Retroprojetor: Encontros do Olhar oferece seis conferências, entre abril e setembro, como uma tentativa de ampliar o conhecimento, produzir diálogo e estabelecer conexões com a comunidade. Além de duas conferências de Raul Antelo, incorpora a expertise de outros quatro convidados, autores de pesquisas e publicações sobre acervos e arquivos artísticos brasileiros. O intercâmbio entre especialistas de artes visuais e a partilha de saber estão nos objetivos do Instituto Collaço Paulo que atua para dar visibilidade à Coleção Collaço Paulo e aprofundar o entendimento sobre as exposições.

Mensais, realizados sempre nas últimas segundas-feiras do mês, às 19h30, os encontros idealizados por Antelo buscam “um modo de desdobrar visualmente as descontinuidades do tempo da obra, em toda a sequência da linha temporal”. O viés conceitual dos encontros tem como base alguns teóricos como André Malraux (1901-1976) que vê o museu como uma afirmação e, também, outras concepções, como a do museu imaginário. Outro pensador é Didi-Huberman que, no catálogo “Atlas” (2010), diz que o desafio é “tornar a partir do zero: repensar as coisas de A a Z. Aprender de novo, sem descanso, começando pelas coisas de aparência mais simples. Ensaiar sem partir de um axioma: testar para ver, inventar novas regras do jogo e adotá-las apenas se doam algo, se são fecundas (atitude que os eruditos denominam heurística). Seja com a seriedade de uma empresa pedagógica, seja com o alvoroço de uma criança que lançará as letras do abecedário pelo ar: essa é a atitude própria da gaia ciência, com a qual Nietzsche nos incita a subverter a separação secular entre o inteligível e o sensível”.

Agenda

26 de junho de 2023, 19h30 –  Ivo Mesquita – “A Resistência da Figura: Martinho, Di Cavalcanti e Outros Brasileiros entre 1945 e 1955”

31 de julho de 2023, 19h30 – Raul Antelo – “A Eterna Ironia da Comunidade: Arte Normal, Anormal, Degenerada”

 28 de gosto de 2023, 19h30 – Bianca Tomaselli – “Surrealismo, Matéria e Magia”

25 de setembro de 2023, 19h30 – Andrea Giunta – “Brasilidade e Simultaneidade: Elke Hering entre Munich, Bahia e Blumenau”

Participantes

Ivo Mesquita – historiador da arte, curador e escritor independente baseado em São Paulo. Foi diretor técnico e curador chefe da Pinacoteca do Estado de São Paulo (2003/15), diretor Artístico da 28ª Bienal de São Paulo (2008) e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1999-2002); Professor visitante no Center for Curatorial Studies, Bard College, NY (1996-2007); pesquisador e curador assistente na Fundação Bienal de São Paulo.

Bianca Tomaselli – doutora em literatura pela UFSC, com estágio na Universidad de Granada (Espanha). Mestra em artes visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisadora do Grupo Hispania na Escola Internacional de Doutorado da Universidade da Coruña, trabalha junto ao Institut de Recherche sur le Cinéma et l’Audiovisuel da Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3, pesquisando vanguardas e fascismos pós-1945. É arquiteta e urbanista pela UFSC e bacharel em artes plásticas pela Udesc, onde foi professora colaboradora do Departamento de Artes Visuais (2015-19). Como artista, tem obras no acervo de instituições públicas como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (ES), Fundação Nacional de Artes (RJ), Fundação Joaquim Nabuco (PE) e Museu Nacional Victor Meirelles (SC).

Andrea Giunta – curadora, escritora e professora de arte latino-americana e arte moderna e contemporânea na Universidad de Buenos Aires, onde doutorou-se. Co-curadora da exposição “Radical Women: Latin American Art – 1960–1985”, Hammer Museum, LA, Brooklyn Museum, NY e Pinacoteca de São Paulo (2017-18). Curadora chefe da 12ª Bienal do Mercosul, “Feminismo(s). Visualidades, Ações, Afetos”, Porto Alegre (2020) e da exposição “Puisqu’il Fallait Tout Repenser” (Galería Rolf, Buenos Aires, 2020 / Les Rencontres d’Arles, 2021). Autora de “Feminismo y Arte Latinoamericano. Historias de Mujeres que Emanciparon el Cuerpo” (Siglo 21, 2018, 8ª ed. 2022), traduzido como “The Political Body” (University of California Press, 2022) e de “Contra el Canon. El Arte Contemporáneo en un Mundo Sin Centro” (Siglo 21, 2020), traduzido ao português, “Contra o Cânone: Arte Contemporânea em Um Mundo Sem Centro (Editora Nave, 2022).

Raul Antelo – lecionou na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC) e nas de Duke, Texas at Austin, Maryland e Leiden. Presidiu a Associação Brasileira de Literatura Comparada (Abralic) e recebeu o doutorado honoris causa pela Universidad Nacional de Cuyo. É autor de “Maria com Marcel. Duchamp nos Trópicos”; A Ruinologia; Visão e Potência-do-não”; “A Máquina Afilológica”; “En Muerte: Miniaturas Urbanas”; “Azulejos. Lo Transvisual y la Arqueología de lo Moderno” e “Inventário de Sonhos Usados. Goya plagia Didi-Huberman”. Editor de Mário de Andrade, Jorge Amado e João do Rio, publicou, em colaboração, “Lirismo+Crítica+Arte=Poesia. Um século de Pauliceia Desvairada”.

Rosângela Miranda Cherem – doutora em história pela Universidade de São Paulo (USP) (1998) e doutora em literatura pela UFSC (2006); professora titular de história e teoria da arte no curso artes visuais e Programa de Pós-graduação em Artes Visuais no Centro de Arte (Ceart), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); coordenadora do Grupo de Estudos Imagem-acontecimento; orienta, tem pesquisas e publicações sobre história das sensibilidades e percepções modernas e contemporâneas. Pesquisa, atualmente, sobre acervos e arquivos artísticos em Santa Catarina

Divulgação

Serviço

O quê: palestra “A Resistência da Figura: Martinho, Di Cavalcanti e Outros Brasileiros entre 1945 e 1955”, de Ivo Mesquita

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC)

Quando: 26.6.2023, 19h30 às 21h

Quanto: gratuito, vagas limitadas, participação por ordem de chegada

 

O quê: exposição: “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis”

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC)

Quando: até 1º.7.2023, seg. a sáb., 13h30 às 18h30

Quanto: gratuito

Equipe Técnica

Curadoria, expografia e textos: Francine Goudel e Ylmar Corrêa Neto

Revisão e edição de textos: Néri Pedroso

Coordenação de montagem: Cristina Maria Dalla Nora

Montagem: Flávio Xanxa Brunetto

Material educativo: Ana Martins e Joana Amarante

Material gráfico: Lorena Galery

Fotografia: Eduardo Marques

Saiba mais

www.institutocollacopaulo.com.br

@institutocollacopaulo

https://www.youtube.com/watch?v=xqZmf4BGhvE

 Contato

NProduções – Néri Pedroso (48) 99911-9837

[email protected]

Realização

Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação

Apoio Cultural

Dígitro e Ibagy

Patrocínio

Produto cultural totalmente patrocinado pelo Município de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação). ENTRADA GRATUITA

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