Por Jônatas Campos, de Caracas.
Neste domingo (14), os 18,9 milhões de venezuelanos aptos a votar não precisarão levar uma cola com o número do candidato para o centro de votação. Ao contrário do Brasil, os eleitores escolherão o presidente votando nos partidos. Cada agremiação registrada no Conselho Nacional Eleitoral (CNE) terá um espaço com a foto do candidato que apoia.
Assim, o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV), do presidente e candidato à reeleição Nicolás Maduro, terá sua foto impressa em uma tela tátil sensível ao toque, assim como a Mesa da Unidade Democrática (MUD), será o rosto do opositor Henrique Capriles Radonski (veja na imagem).
A urna é composta por essa tela tátil, como se fosse um enorme aparelho celular touch screen, um pequeno monitor onde o candidato escolhido é confirmado e uma pequena impressora que imprime o voto para ser depositado na urna.
Tela tátil leva fotografia dos candidatos e nome do partido |
O processo criado para agilizar o voto é o formato de “ferradura” utilizado na sala de votação. A sala é organizada em cinco processos distintos e separados, o que permite que até quatro eleitores possam votar simultaneamente.
“Na primeira estação, o eleitor se identifica com sua cédula de identidade e digital. Depois, encontra-se com a máquina. Após escolher seu candidato na tela, confirma o nome no monitor e aperta em ‘votar’. A máquina imprimirá o comprovante, o eleitor confirma seu voto e o deposita na urna. Depois assina o caderno de votação e pinta seu dedo mindinho com a tinta indelével”, explica a vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Sandra Oblitas.
Orgulho
A Venezuela orgulha-se do seu sistema eletrônico eleitoral e coleciona elogios de dezenas de delegações internacionais que visitam o país para conhecê-lo. Antes do pleito de 7 de outubro de 2012, quando o presidente Hugo Chávez foi reeleito para seu terceiro mandato, diplomatas, conselheiros e representantes de negócios de mais de 30 países foram convidados a conhecer as urnas eletrônicas táteis do país caribenho.
O presidente da missão de acompanhamento internacional da União Interamericana de Órgãos Eleitorais da América Latina (Uniore), Roberto Rosário, afirmou ontem (12) que os técnicos da entidade não constataram nenhum incidente, nem qualquer suspeita que afetem a confiabilidade e a qualidade do processo eleitoral.
Em seu relatório pré-eleitoral para o pleito de outubro de 2012, o Centro Carter de Estudos, presidido pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, afirmou que “o sistema de votação da Venezuela é um dos mais conceituados sistemas automatizados do mundo”.
O Centro também afirma que o software e o hardware só poderiam ser alterados ou corrompidos se houvesse uma “união” entre governistas e oposicionistas para “abrir a máquina”. Para a entidade, não há porque se preocupar com a possibilidade de alguém ter acesso à escolha individual de cada eleitor, já que o sistema “embaralha” a ordem dos votos e da identificação dos eleitores. “Não poderia ser modificado sem violar a assinatura digital das máquinas”.
Além disso, a Venezuela coleciona processos eleitorais nos últimos 14 anos, o que fez com que o CNE tenha aperfeiçoado suas máquinas e a logística do processo. Somando referendos constitucionais, referendo revogatório (do mandato de Chávez, onde ganhou a permanência do presidente), eleições municipais, estaduais e presidenciais, o país passou por 17 processos de votação. “Nenhuma grande decisão nesse país foi tomada sem a consulta ao nosso povo”, orgulha-se o ministro da Cultura Pedro Calzadilla em uma entrevista a TV estatal na manhã desse sábado (13). (com ComunicaSul – Comunicação Colaborativa)