Caracas rechaçou, nesta quinta-feira, a decisão brasileira de manter seu veto ao ingresso da Venezuela no BRICS durante a 16ª Cúpula do bloco, realizada na cidade russa de Kazan.
Através de um comunicado publicado pelo ministro das Relações Exteriores Yván Gil no Telegram, a República Bolivariana agradeceu ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, por ter convidado seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, à cúpula. Ele destacou que a Venezuela teve o apoio dos participantes para formalizar sua entrada nesse mecanismo de integração, mas a medida foi barrada pelo Brasil.
“Através de uma ação que contraria a natureza e o princípio dos BRICS, a representação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty), liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que [Jair] Bolsonaro aplicou à Venezuela durante anos, reproduzindo o ódio, a exclusão e a intolerância promovidos a partir dos centros de poder ocidentais para impedir, por ora, o ingresso da Pátria de Bolívar nessa organização”, lê-se no documento.
Caracas qualificou essa ação como uma “agressão” contra a Venezuela e um “gesto hostil” que se soma à “política criminosa de sanções que foram impostas” contra os venezuelanos.
O comunicado acrescenta que o povo venezuelano “sente indignação e vergonha” diante dessa “inexplicável e imoral agressão” do Brasil, que mantém “a pior das políticas” de Bolsonaro contra a Venezuela.
“Sucesso retumbante”
Apesar disso, Caracas considera a cúpula, descrita como histórica, “um sucesso retumbante”, pelo qual parabeniza Putin e seu governo por “suas contribuições extraordinárias” para o equilíbrio universal.
Em uma coletiva de imprensa no último dia do evento, Putin comentou sobre a possibilidade e os obstáculos para a adesão da Venezuela ao bloco e mencionou que Moscou não tem a mesma posição que Brasília em relação a Caracas.
No entanto, ele explicou que a admissão da Venezuela ou de qualquer outro Estado ao bloco só é possível por consenso, sendo necessário o consentimento de todos os membros.