Venezuela: por trás do capuz

capuchaPor Luis Britto García.

1. Num conto de García Márquez há uma pensão que ao invés de toilettes oferece máscaras aos seus clientes para que façam as suas necessidades em plena rua. Oculta o rosto quem se envergonha. O que esconde o terrorismo encapuzado?

2. Meios de comunicação nacionais e internacionais pretendem apresentar os terroristas como “estudantes” e “pacíficos”. Os números dizem outra coisa. A promotora Luisa Ortega Diaz revela que cerca de 174 pessoas ficam privadas de liberdade enquanto avançam as investigações. Destas, apenas 12 eram estudantes, menos de 7%. Em princípio de Maio as autoridades vasculharam acampamentos que mantêm focos de perturbação e detêm 243 pessoas. Não mais de 20% delas estudam. Vigilantes da UCV detêm cinco violentos armados. Só um era estudante, mas de outra universidade.

3. A Promotora Geral revela que 49 das 190 provas de droga praticada em opositores detidos no desalojamento dos acampamentos deram positivo. Não parece comportamento exemplar de defesa de direitos políticos. Querem o poder para impor ao resto da população seus modelos de conduta?

4. O ministro do Interior e Justiça declara que entre os detidos figuram 58 estrangeiros, 21 comprovadamente paramilitares colombianos, outros com ordens de captura na Interpol, outros terroristas procurados no Médio Oriente: alguns na posse de armas e substâncias incendiárias, muitos com prontuário de narcotráfico. Se triunfarem estes forasteiros, exercerão eles suas pacíficas profissões a partir do poder?

5. Por trás do capuz, mentem meios de comunicação internacionais e nacionais, ocultam-se serem “pacífico”. Entre 12 de Fevereiro e Maio a violência que desencadeiam resulta num saldo provisório de 42 mortos, nas seguintes categorias: 1) 20 vítimas fatais bolivarianas, que compreendem 9 militantes do PSUV e agrupamentos sociais afins, 10 membros de corpos de segurança pública do Estado (GNB, PNB e Sebin) e um promotor do Ministério Público; 2) 15 cidadãos cuja filiação política não se conhece, vítimas de diversos episódios de violência; 4) O resto de vítimas fatais poderia ser atribuído à oposição, dos quais só 8 faleceram por actos imputáveis às autoridades, e 7 foram vítimas de incidentes criados por cortes viários ou por seus próprios actos: um morreu ao accionar um morteiro improvisado, outro electrocutou-se ao repor um obstáculo para uma barricada, um terceiro caiu do telhado da sua própria casa.

6. Tal massacre não se deve a “estudantes”, “desarmados” e muito menos “pacíficos”. Parte considerável dos bolivarianos pereceu por disparos na cabeça, por vezes a partir de longa distância. Uma estudante opositora faleceu por um tiro na nuca, alvejada a partir das próprias fileiras da manifestação opositora. Tão pouco é táctica estudantil incendiar e destruir de cerca de uma centena de unidades de transporte colectivo, de várias centrais eléctricas, universidades, bibliotecas e um infantário com 80 crianças dentro.

7. Nenhuma proclamação, manifesto ou plano de governo foi apresentado como desculpa para esta hecatombe de compatriotas. Ocultamos nossos propósitos quando são mais inconfessáveis do que nossos actos. Uma campanha maciça de incêndios e assassinatos não se mantém durante mais de três meses sem cumplicidades nem financiamento. Levantamos um pouco mais o capuz terrorista? Por trás dele espreitam a CIA, a USAID, a NED , as mil e uma ONGs criadas para distribuir seus fundos e os dos empresários para pagar mercenários, os partidos opositores que não condenaram o terrorismo, a Fundación Internacionalismo para la Democracia, de Álvaro Uribe Vélez, o Pacote Neoliberal que privatizará a PDVSA e a educação, a saúde e a segurança social, e trará de regresso os níveis de pobreza de 70% do século passado. Conheço-te, mascarazinha. Não me tentes enganar.

Fonte: Resistir.info

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