Por Fania Rodrigues.
A Venezuela está disponibilizando dois terços da produção de oxigênio de sua planta industrial de Puerto Ordaz, no estado Bolívar, para atender a emergência sanitária do Amazonas. A fábrica fica a 1.500 km de Manaus e os caminhões vão levar de 3 a 5 dias de viagem, de acordo com as autoridades venezuelanas. Caracas planeja mandar ao menos oito caminhões com 18 toneladas de oxigênio cada.
O governador do Estado de Bolívar, Justo Noguera, é quem está à frente desse acordo de cooperação, depois das orientações do presidente Nicolás Maduro. “Nosso objetivo é enviar, na segunda-feira, oito caminhões de 18 toneladas de oxigênio cada um (cerca de 100 mil m³ de oxigênio no total). Depois do envio dessa carga grande, vamos estabilizar os envios em dois caminhões por dia (cerca de 25 mil m³)”, afirma.
Atualmente a demanda diária do Amazonas é de 70 mil m³ de oxigênio por dia, segundo informações divulgadas pela empresa White Martins, que atualmente produz 28 mil m³ e é a maior fornecedora do governo estadual. Essa mesma empresa também possui uma planta industrial de oxigênio do estado venezuelano de Aragua, que fica na costa norte da Venezuela, no outro extremo da fronteira com o Brasil.
A ideia de poder ajudar os brasileiros animou tanto o governador que ele decidiu colocar sua própria escolta para acompanhar a carga até a fronteira da Venezuela com o Brasil. Ele também vai acompanhar pessoalmente a saída dos caminhões da fábrica. “Já estamos resolvendo os últimos detalhes, pois recebemos orientação de uma equipe sanitária do Brasil e adequamos tudo às normas brasileiras”, ressalta Noguera.
Essa fábrica da Venezuela abriu mão de dois terços da produção de oxigênio para enviar ao Brasil. “Nossa produção diária é de 54 toneladas, desse total vamos enviar 36 toneladas ao Brasil. O governador do Amazonas também vai enviar caminhões e cilindros para buscar oxigênio na Venezuela a partir da semana que vem”, afirma o governador.
A iniciativa, no entanto, não afeta a situação interna da Venezuela, já que o país tem uma das menores taxas de contágio de covid-19 da América Latina. Antes da pandemia, essa fábrica não estava funcionando e foi reativada em março de 2020 para atender a emergência sanitária provocada pela pandemia.
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