Em delação premiada, firmada em 2017 e homologada pela Justiça, que segue sob sigilo, o doleiro Adir Assad relata um esquema do qual fez parte para lavar milhões de reais para empresas do grupo Silvio Santos. As informações foram reveladas nesta quinta-feira (29) pela Folha de S.Paulo, em parceria com o site The Intercept, na série sobre a Vaza Jato.
Segundo a reportagem, a delação de Assad circulou em grupos de Telegram de procuradores da Lava Jato. No documento, o doleiro diz que lavou dinheiro para empresas de Silvio Santos – um dos principais beneficiários das verbas publicitárias do governo Jair Bolsonaro – em, ao menos, duas ocasiões.
O primeiro esquema aconteceu no fim dos anos 1990, quando Assad montou um “caixa paralelo” para o empresário para remunerar bônus a executivos ou pagar propina no setor público.
O esquema envolvia contratos superfaturados de patrocínio entre suas empresas e pilotos da Fórmula Indy e da categoria Indy Lights. Na ocasião, seu contato era com com Guilherme Stoliar, que hoje é presidente do Grupo Silvio Santos. A operação, estimou ele, movimentou R$ 10 milhões naquele período.
Anos 2000
Em meados dos anos 2000, Assad diz ter feito contratos de imagem e de patrocínio na Fórmula Truck, transferindo aos pilotos uma pequena parte dos valores contratados e devolvia ao SBT o restante do dinheiro.
A Liderança Capitalização, empresa responsável pela Tele Sena, pagou ao menos R$ 19 milhões para uma das firmas do operador, a Rock Star, de 2006 a 2011, diz documento elaborado na delação.
As acusações estão na delação final do doleiro, firmada em 2017 e homologada pela Justiça, mas detalhes e a investigação do caso – que seria enviado à Justiça Federal em São Paulo – permanecem em sigilo até hoje.