Valor da cesta básica aumenta em praticamente todas as capitais em 2019

Em dezembro de 2019, Florianópolis registrou o segundo maior preço médio da cesta básica entre 17 cidades.

Foto: Pixabay

Em 2019, o valor da cesta básica aumentou em 16 das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. As altas mais expressivas, entre dezembro de 2018 e 2019, foram registradas em Vitória (23,64%), Goiânia (16,94%), Recife (15,63%) e Natal (12,41%). A menor variação positiva ocorreu em Salvador (4,85%). Em Aracaju, o acumulado em 12 meses foi negativo (-1,89%).

Entre novembro e dezembro de 2019, o valor da cesta subiu em todas as cidades, com destaque para Goiânia (13,64%), Rio de Janeiro (13,51%) e Belo Horizonte (13,04%). Em dezembro de 2019, o maior custo do conjunto de bens alimentícios básicos foi apurado no Rio de Janeiro (R$ 516,91), seguido por Florianópolis (R$ 511,70) e São Paulo (R$ 506,50). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 351,97), Salvador (R$ 360,51) e João Pessoa (R$ 373,56).

Com base na cesta mais cara, que, em dezembro, foi a do Rio de Janeiro, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em dezembro de 2019, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 4.342,57 ou 4,35 vezes o mínimo de R$ 998,00. Em novembro, o mínimo necessário correspondeu a R$ 4.021,39, ou 4,03 vezes o piso vigente. Em dezembro de 2018, o salário mínimo necessário foi de R$ 3.960,57, ou 4,15 vezes o piso em vigor, que equivalia a R$ 954,00.

Leia mais: Canasvieiras: O verão da praia alargada. Por Paulo Pagliosa.

Cesta x salário mínimo
Em dezembro de 2019, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 97 horas e 42 minutos. Em novembro, a jornada necessária foi calculada em 83 horas e 29 minutos. Em dezembro de 2018, quando a pesquisa era feita em 18 capitais, a média foi de 92 horas e 17 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em dezembro, 48,27% do rendimento para adquirir os mesmos produtos que, em novembro, demandavam 43,83%. Em dezembro de 2018, quando a pesquisa era feita em 18 capitais, a média foi de 45,59%.

Comportamento dos preços dos produtos da cesta em 2019 (1)

Em dezembro de 2019, os preços médios da carne bovina de primeira, óleo de soja, feijão e batata, pesquisada na região Centro-Sul, apresentaram aumento na maior parte das cidades pesquisadas, na comparação com dezembro de 2018. Já o café em pó e o tomate tiveram taxas negativas na maioria das capitais.

Entre dezembro de 2018 e 2019, a carne bovina de primeira variou entre 12,05%, em Aracaju, e 47,45%, em Vitória. Este resultado deveu-se ao alto nível de exportação ao longo de 2019, principalmente para a China. Somou-se a isso, no segundo semestre, entressafra e maior custo de reposição dos bezerros, o que acarretou a elevação expressiva de preços. A demanda interna, por sua vez, permaneceu baixa na maior parte do ano, resultado do menor poder de compra dos brasileiros.

Todas as cidades acumularam alta no preço do óleo de soja entre dezembro de 2018 e 2019. As maiores taxas foram observadas em Vitória (18,77%), Belém (18,51%), Goiânia
(16,13%), Florianópolis (15,70%) e Rio de Janeiro (15,59%). Ao longo do ano, observou-se uma demanda grande por óleo de soja bruto degomado para a produção de biodiesel, o que elevou os preços do produto também no varejo.

O valor do feijão aumentou em 16 cidades entre dezembro de 2018 e 2019. O tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo teve o preço majorado em todas as cidades, com taxas que variaram entre
25,81%, em Recife, e 71,31%, em Goiânia. Já o feijão preto, pesquisado nas capitais do
Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, acumulou alta entre 6,96%, em Curitiba, e 14,26%, no
Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, o percentual foi negativo (-2,30%).

Na comparação entre dezembro de 2018 e 2019, o preço médio do quilo da batata, pesquisada no Centro-Sul, aumentou em nove localidades, com taxas entre 0,98%, no Rio de Janeiro, e 45,22%, em Vitória. Em Belo Horizonte, foi registrada diminuição de -1,42%. A redução da área plantada de batata de mesa limitou a oferta nacional e elevou os preços na maior parte do ano.

O café em pó acumulou queda em quase todas as cidades, com variações entre -18,02%, em Aracaju, e -1,72%%, em Recife. A única alta ocorreu em Goiânia (5,95%). A boa perspectiva da safra 2019/2020 manteve as cotações do grão em patamares menores ao
longo do ano. Porém, nos dois últimos meses, os preços negociados foram maiores, devido
à menor oferta do grão e às perspectivas para a próxima safra. No varejo, no entanto, os
valores médios estiveram em patamares menores do que os praticados em dezembro de
2018.

O preço do quilo do tomate diminuiu em 15 cidades em 2019, com variações entre -51,86, em Belo Horizonte, e -20,32%, em Goiânia. As altas foram anotadas em Vitória (27,56%) e Recife (18,09%). Apesar da diminuição da área plantada de tomate, as altas temperaturas, principalmente a partir do segundo semestre, amadureceram o fruto mais rápido, o que manteve o nível de oferta alto e reduziu os preços.

Comportamento mensal dos preços dos produtos
Entre novembro e dezembro de 2019, o preço médio da carne bovina de primeira subiu em todas as capitais, devido às exportações, à entressafra e ao alto custo de reposição do bezerro. As altas da carne entre novembro e dezembro variaram entre 13,08%, em Salvador, e 27,83%, no Rio de Janeiro.

O tomate também apresentou elevação de valor em todas as cidades, com destaque para os percentuais registrados no Rio de Janeiro, 48,42%, e em Porto Alegre, 42,89%. O encerramento da safra de verão e a maturação antecipada do fruto, devido ao calor, fizeram com que a oferta em dezembro fosse menor, elevando os preços no varejo.

Em 13 capitais, o preço do feijão aumentou, principalmente o grão carioca, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo. Destacam-se as altas em Belém (30,74%) e Belo Horizonte (30,17%). A oferta do grão ficou reduzida pela  entressafra, o que explicou a elevação dos preços no varejo.

Florianópolis
Em dezembro de 2019, Florianópolis registrou o segundo maior preço médio da cesta básica entre as 17 cidades onde o DIEESE realiza a pesquisa. O preço médio da cesta de alimentos foi de R$ 511,70, o que significou um aumento de 6,90% em relação ao valor de novembro. Em 2019, a variação acumulada foi de 11,77%.

Em 2019, onze produtos tiveram alta acumulada de preço: carne (42,60%), banana
(22,12%), óleo (15,70%), batata (7,89%), feijão (7,64%), manteiga (6,05%), açúcar (5,19%, farinha (3,85%), leite (1,63%), arroz (0,58%) e o pão (0,51%). Já as diminuições de valor foram registradas no tomate (-37,45%) e o café (-15,74%). Entre novembro e dezembro, houve elevação do preço médio do carne (13,74%), tomate (12,06%), banana (4,79%), óleo (3,20%), farinha de trigo (1,99%), açúcar (1,79%), batata (0,67%), pão (0,51%) e o café (0,50%).

O valor médio diminuiu em quatro alimentos: o leite (-0,92%), feijão (-0,91%), arroz (-0,57%) e a manteiga (-0,79%).

Em dezembro de 2019, o trabalhador florianopolitano remunerado pelo salário mínimo comprometeu 112 horas e 48 minutos da jornada mensal para adquirir os gêneros essenciais, tempo maior que o de novembro, quando ficou em 105 horas e 31 minutos. Em dezembro de 2018, o tempo comprometido foi de 105 horas e 35 minutos.
Quando comparados o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, a relação foi de 55,73%, em dezembro e 52,13%, em novembro de 2019. Em dezembro de 2018, o percentual era de 49,86%.

1 Fontes de consulta: Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – ESALQ/USP, Unifeijão, Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, Embrapa, Agrolink, Globo Rural, artigos diversos em jornais e revistas.

Leia mais: Jovem negro é agredido e humilhado por segurança de supermercado em Florianópolis

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.