Uma vacina cearense contra a covid-19, desenvolvida pelo Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular (LBBM) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a testagem em humanos. Na fase pré-clínica dos estudos (Fase 1), a vacina HH-120-Defenser obteve “resultados promissores” em testes realizados com camundongos. A pesquisa do imunizante está sendo desenvolvida desde abril do ano passado, no início da pandemia.
“Com mais de 90% de proteção comprovada na fase pré-clínica, poderemos seguir com os testes em humanos, após a aprovação da Anvisa”, afirmou a imunologista Izabel Florindo Guedes, que coordena o estudo. “Para esses testes, será seguido todo um protocolo, realizando a seleção de pessoas saudáveis, que ainda não tenham tomado outras vacinas contra a Covid-19”.
Caso tenha a sua eficácia comprovada, outra vantagem da HH-120 é que se trata de uma vacina de baixo custo. De acordo com a coordenadora, com a concentração de vírus vacinal pretendida, cada frasco com 250 doses do imunizante cearense custaria R$ 11. O preço por dose estimado é de R$ 0,044 centavos. Para efeito de comparação, cada dose da Coronavac – o imunizante mais barato disponível – custa R$ 16.
A fase clínica será dividida em três etapas. Na primeira, os testes serão realizados com, aproximadamente, 100 pessoas adultas, de 18 a 60 anos de idade, sem doenças pré-existentes. Posteriormente, na segunda etapa, será a vez de pessoas acima de 60 anos, com comorbidades. Na terceira, os testes serão aplicados em milhares de pessoas, com perfis diversificados. Ao final de cada etapa, contudo, a Uece deverá submeter os resultados à Anvisa para autorização da continuidade dos testes.
Recursos
As pesquisas do LBBM são financiadas com recursos da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Além disso, para dar sequência aos testes após a aprovação da Anvisa, a Uece vai buscar apoio financeiro junto ao governo do Ceará. Durante a fase clínica, a equipe de pesquisas deve contar, ainda, com a parceria da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do laboratório Labluz, do Instituto da Primeira Infância (Iprede).