Uruguai: Identificam os restos de Luis Arigón, detido desaparecido

Luis Eduardo Arigón Castel nasceu em 18 de fevereiro de 1926 em Montevidéu; tinha 51 anos de idade quando foi sequestrado de sua casa e, posteriormente, desaparecido à força. Casado com Sara, pai de duas filhas: Sabina e Estrella, que sempre aguardaram seu retorno. Foi líder da Federación Uruguaya de Empleados del Comercio e Industria (FUECI) e militante do Partido Comunista del Uruguay (P.C.U.), sendo secretário da Seccional Sur e, durante sua clandestinidade, secretário da Regional N°5.

Luis gostava do prazer de um bom churrasco, de tocar violino ou violão. Era um grande leitor e adorava escutar música clássica.

Apaixonado por futebol, era torcedor do Liverpool, algo que também devia à sua militância, já que havia sido militante naquela área.

Ele foi preso em 14 de junho de 1977 em uma operação como parte da “Operação Morgan”. Foi sua terceira prisão e a última. Ele foi levado para La Tablada, onde foi interrogado e torturado. Lá ele morreu e desapareceu.

Em 30 de junho, graças ao trabalho incansável de antropólogos, os restos mortais de um detido desaparecido foram encontrados no 14º Batalhão de Infantaria Paraquedista em Toledo, na trincheira nº 892.

Pouco tempo depois, pudemos confirmar que se tratava de um homem com altura entre 1,75 e 1,85 metro e idade estimada entre 43 e 57 anos.

Esse sepultamento não foi aleatório nem casual, foram necessários mais de sete carrinhos de mão de 70 litros de material para construir a sepultura. Eles levaram tempo, como mostram as camadas: uma primeira camada de cal na sepultura, depois o corpo, outra camada de cal e cascalho, outra camada de cal, areia, cimento e cascalho, e outra camada de cal e areia, e então a cobriram com 50 centímetros de terra.

Hoje, finalmente, podemos dar um nome a esses restos mortais: Luis Arigón.

Luis foi perseguido, sequestrado, torturado e mantido desaparecido por 47 anos: durante esse tempo, sua família e seu povo o procuraram sem parar, batendo em portas e exigindo respostas.

Por 47 anos, aqueles que o sequestraram, torturaram, assassinaram e o mantiveram desaparecido permaneceram em silêncio. Mantiveram um silêncio cruel e obstinado sobre o que fizeram com ele; mantiveram um silêncio covarde, ocupados em manter o manto de terror sobre toda a nossa sociedade.

47 anos depois, estamos mais uma vez recuperando um pequeno pedaço da verdade. Hoje, recuperamos Luis Arigón: um homem de seu povo, um militante de todas as horas, um trabalhador incansável, com convicções tão fortes quanto seu caráter revolucionário.

Trazemos esse homem de utopias e sonhos de igualdade de volta ao seu lar, à sua família e ao seu povo, para ser abraçado e lembrado para sempre.

Luis Arigón se junta à lista de parentes encontrados em território uruguaio: ele retorna junto com Roberto Gomensoro (de quem apenas seu crânio foi recuperado), Ubagésner Cháves Sosa, Fernando Miranda, Julio Castro, Ricardo Blanco, Eduardo Bleier e Amelia Sanjurjo.

Para todos aqueles que ainda estão desaparecidos, hoje reafirmamos nosso compromisso inabalável de que continuaremos a procurar e exigir respostas até encontrarmos todos eles.

Pelo Luis, trabalhador de utopias, hoje dizemos: Presente!

 

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