Urgente: Organizações sociais do Mato Grosso denunciam possibilidade de novo massacre na região de Colniza

Foto: Reprodução CPT.

A violência agrária no estado de Mato Grosso parece não ter fim: prisões, assassinatos, pistolagem, trabalho escravo, despejos e expulsões são realidades cotidianas. Mesmo sob denúncias e avisos, estas violências teimam em permanecer. A morosidade e a permissividade do Estado legitimam e, por vezes, institucionalizam estas ações.

Por este motivo, o conflito armado que acontece nesse momento na Fazenda Agropecuária Bauru (conhecida como Fazenda Magali), no município de Colniza, região noroeste do Mato Grosso, nos preocupa. São quase 200 famílias que ocuparam parte da área, na última segunda-feira (29), e que agora, após um mandado de despejo emitido pela juíza da Vara Agrária de Cuiabá, estão na mira de pelo menos 30 pistoleiros (guaxebas).

De 1995 a 2017, 11.487 pessoas estiveram sob ação de pistoleiros no estado; 239 pessoas foram ameaçadas de morte; 2.352 famílias foram expulsas por pistoleiros e 22.117 famílias despejadas. Já de 1985 até 2017 ocorreram 136 assassinatos em conflitos no campo em Mato Grosso, sem nenhum mandante preso. São dados que assustam, mas mostram uma triste realidade: no campo mato-grossense compensa matar.

Colniza possui um grave histórico de assassinatos no campo. É uma Terra Sem Lei. De 2003 até agora foram registrados 16 assassinatos em conflitos agrários no município. O recente massacre de nove posseiros, em 2017, na Gleba Taquaruçu do Norte, é um dos mais conhecidos. É uma região onde os conflitos agrários são construídos sob a situação obscura da regularização fundiária; sob a ganância do lucro; sob a morosidade do Judiciário; sob a permissividade do Estado; sob a intensa presença de pistoleiros; sob a exclusão do acesso à terra para trabalhadores e trabalhadoras rurais.

É baseado nesse histórico que tememos o pior. Das quase 200 famílias que lá estão sob a mira dos pistoleiros na Fazenda Agropecuária Bauru, algumas são posseiras, outras compraram o direito de estar na terra, e já moram em seus lotes há algum tempo. Produzem e criam animais. São pessoas que apostaram no sonho de construir uma vida com o suor do trabalho. Não podemos deixar que mais um massacre aconteça, que mais uma violência aconteça a estas pessoas que já nasceram vulneráveis e que, por sua condição de pobreza, já nasceram em estado de exceção.

Se algo acontecer, é uma morte anunciada.

TODOS SABIAM.

Cuiabá (MT), 1º de novembro de 2018.

Comissão Pastoral da Terra Regional Mato Grosso (CPT-MT)

Fórum de Direitos Humanos e da Terra – MT

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