Por Paula Guimarães.
Tatiana Cobbett e Marcoliva trazem a poesia em suas canções e na forma como veem o mundo. A Sonora Parceria gosta de explorar os formatos e entre seus mais recentes experimentos está o U(ni)versos que integra música e poema, às sextas-feiras, no Restaurante O Fado, em Florianópolis. Na última semana, as poetas convidadas Clarissa Peixoto e Fêre Rocha – que recentemente lançou o livro Cotidiano Horizonte – soltaram o verbo durante a intervenção.
Em versos lidos, ora declamados e quase cantados, como experimentou a jornalista Clarissa, o U(ni)versos trouxe a palavra como elemento central desse encontro sonoro entre poema e canção. “A ideia é, a partir da nossa própria cantoria e poesia, trabalhar a palavra focando no instrumento principal: a voz. Propomos essa experiência aos poetas e apreciadores dos versos e juntos demonstramos as diferentes formar de se atuar”, afirma Tatiana. Para a cantora e compositora, a escolha das palavras pelo artista revela e reflete a poesia “inserida naturalmente em todo ser humano”.
Clarissa deixou a timidez de lado e pela primeira vez declamou seus poemas. “A poesia é o corpo que quando eu vi, já foi. E é um jeito de juntar o que eu penso e o que eu sinto”, explica ela que mantém o Blog Para não Desaprender, espaço onde une poema e prosa para traduzir sua leitura sobre o mundo.
São cinco anos de imersão nas letras poéticas, de onde ela deposita e tira inspiração para vencer o cotidiano. “Eu escrevo o que eu vejo para dentro e para fora de mim. Como eu vejo o mundo, como o mundo se materializa em mim. Bebo nas coisas da rua, nas coisas banais, na fala das pessoas”, conta.
Clarissa é o nome do primeiro romance do escritor brasileiro Érico Veríssimo, publicado em 1933, que conta o despertar de uma adolescente para a vida, seus sonhos e desilusões. E foi graças a esse livro, lido pela mãe, Terezinha Peixoto, que ela foi assim batizada. “A poesia entra todo dia um pouco na minha vida desde sempre. A sonoridade das palavras que se repetem; as reações dos sentidos: uma cor, uma imagem, um cheiro; a infância e suas associações; tudo pode ser a poesia entrando na vida da gente”, relata em tom poético.
Mobilização para o quinto álbum da dupla
“Embora comemorando 15 anos, acreditamos que há muito por fazer, experimentar, aprender e compor”, conta Tatiana Cobbett. Segundo ela, o projeto reforça a “obstinada estrada da arte” da dupla que tem como marca a parceria. São 15 anos de música independente e pela terceira vez eles estão na plataforma de financiamento coletivo “Catarse” para levantar recursos para a gravação do quinto álbum da dupla, o Sawabona Shikoba. Além do álbum, o apoio tem também como brinde o EP Fragmentos de Memória com cinco faixas inéditas registradas nessa década e meia de estrada, que serão disponibilizadas on-line. “Nossa festa de debut está sendo regada a muita lida, parceria e criatividade”, conta.
A gravação do CD ocorrerá nos dias 19 e 20 de setembro, no Sesc Prainha, em shows com entrada franca. O público tem papel determinante para que o projeto saia do papel. “Celebrar estes 15 anos é também impulsionar nossa produtividade, dividindo com nosso público a responsabilidade de seguir buscando caminhos para transformação, reflexão, evolução e parceria”, diz.
O álbum tem previsão de lançamento para meados de março de 2016 e os apoiadores irão receber via correio os exemplares do disco. Sawabona é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer “Eu te respeito, eu te valorizo, você é importante para mim”. Em resposta, as pessoas dizem Shikoba, que é “Então, eu existo para você”.
Você pode apoiar aqui Catarse Sawabona Shikoba
Serviço:
O que: U(ni)versos – Sonora Parceria Música e Poesia
Quando: sextas-feiras
Onde: Restaurante o Fado, Lagoa da Conceição
Próximos encontros:
21/08- sambas causos e poemas com Famíla Piva ( Jayme, Vera, Rodrigo e Rogério Piva)
Exibição audiovisuais musicais- Máquina Exibidora Cine Juca Maria
28/08 – Iara Germer e Paula Malba
Fotos: Kélen Oliveira
Fonte: Enredo Conteúdo Criativo
