Mesmo após ter publicações no Twitter, Facebook e Instagram apagadas por propagar conteúdo que causava “desinformação” e “danos reais às pessoas”, o presidente Jair Bolsonaro segue com sua campanha de fake news diante do coronavírus, por meio de seus pronunciamentos, como mostra reportagem do Brasil de Fato veiculada pela Rádio Brasil Atual nesta segunda-feira (6).
O fenômeno da desinformação com notícias falsas sobre os mais variados temas vem chamando a atenção de cientistas em todo o mundo. No Brasil, diversos pesquisadores têm destinado seus trabalhos para entender o funcionamento dessa programação, como o Grupo de Estudos da Desinformação em Redes Sociais (EDReS) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que chegou a criar uma hotline – espécie de canal de denúncias – no WhatsApp para mapear e combater as fake news sobre o novo coronavírus nas redes sociais.
Professor do Instituto de Física da Unicamp e um dos fundadores do EDReS, Leandro Tessler diz que por trás de uma notícia falsa há uma programação complexa para que ela chegue a muitas pessoas, envolvendo ainda “autoridades brasileiras que estão difundindo desinformação usando as redes sociais como estratégia”. De acordo com Tessler, mesmo antes da análise final dos dados, já é possível observar que notícias falsas de cunho político estão atreladas ao discurso de Bolsonaro que, junto com seus aliados, também se utiliza de uma rede de boots – usuários robôs – para espalhar essas publicações.
Ainda segundo o professor, cada fake news age de uma maneira diferente na sociedade e pode gerar consequências mais ou menos graves. “Agora, com o coronavírus, tem algumas notícias falsas que são muito perigosas para a gente”, garante.
“Você vê o sujeito que diz que ele era químico amador, químico autodidata, falando que sabão não ataca o vírus e que, na verdade, é o vinagre que atacava o vírus (…) Isso coloca as pessoas em risco, quando o presidente manda as pessoas saírem de casa porque está tudo normal, desde que ela tenha menos de 60 anos, isso coloca as pessoas em risco de vida”, alerta Tessler.