O vídeo de “Hoje eu vou comer no RU”, paródia criada pelo estudante de design Pedro Zacheu para a música “Rude”, da banda Magic, foi para a internet no dia 17, última quarta-feira; no início da tarde de sábado, passava das 90 mil visualizações. “Quem me conhece sabe que eu gosto muito do Restaurante Universitário. A galera concorda, de maneira geral, e até vi nos comentários gente de outros lugares dizendo que gostaria que o RU deles fosse assim também”, diz.
A primeira vez em que comeu no Restaurante foi bem antes de 2012, quando entrou para o curso de Design da UFSC, onde agora está na 3ª Fase. “Ali por 2000 eu estudava no NDI e meu pai estudava Engenharia Civil aqui. Uma noite, eu tinha seis ou sete anos, ele precisou ficar com a gente, então eu e minhas irmãs assistimos aula com ele e depois fomos jantar no RU. Não sei como deixaram”, diverte-se. Ele é natural de Florianópolis, morou boa parte da vida no bairro Pantanal e frequentava as quadras da Universidade para jogar futebol, além de fazer caratê e natação.
Pedro toca piano, a irmã do meio (ele é o mais velho) toca violino e a mais nova toca violoncelo. “Música é algo que conecta a gente”, explica. Já ocorreu a ideia de gravar uma versão de “Hoje eu vou comer no RU” com esses instrumentos, mas ele não sabe bem o que fazer. Ainda tenta entender o sucesso, que atribui ao amor dos estudantes e ex-estudantes pelo RU. No início da conversa, pede licença para atender uma ligação: é a equipe de reportagem de uma emissora de TV, para marcar uma entrevista. E o papo também precisa ser rápido, já que até pouco antes ele estava em aula e pouco depois tem mais outra entrevista agendada, além das notas e matérias que já foram publicados.
O que ele sabe bem é que sempre sonhou em mexer com criatividade e arte, mas tinha pouco conhecimento técnico, principalmente de softwares de edição e manipulação. Em 2012, com o amigo Vinicius Ramos, que conheceu na UFSC e já tinha esse conhecimento, fez um vídeo para participar de um concurso de uma emissora de rádio. “Ficou muito legal, mas não vencemos”. Também já havia realizado outras paródias de músicas, nenhuma das quais chegou perto do sucesso de “Hoje eu vou comer no RU”. A mais bem-sucedida, lembra, foi uma que chegou a 7 mil visualizações, mas era para um trabalho de toda a turma, então tinha todos os colegas para divulgar.
Depois, de março de 2013 a março de 2015, trancou o curso por dois anos: Pedro é mórmon e foi se dedicar a trabalho voluntário de evangelização, na região de Campinas, em São Paulo. “Sabe aquele pessoal que fica de gravata na rua e vai falar com as pessoas? Era isso”, lembra. Nesse período, ficou afastado de internet e tecnologia. Quando voltou, ouviu “Rude” e percebeu que rendia uma paródia com o RU, que acabou escrevendo enquanto esperava sair de um engarrafamento.
Também reencontrou o amigo e parceiro de criações Vinicius. Mas antes de entrarem no projeto RU, participaram com outro vídeo da promoção criada por uma marca de cosméticos, que também não venceram. “Nada dá certo dos meus vídeos”, pensou. Hesitou também em fazer o vídeo da paródia do RU, temia que fosse causar vergonha alheia em quem assistisse. “Foi o Vinicius que me encorajou, falou que ia ser legal. Sem ele, eu nem teria feito”, garante.
As sessões de gravação começaram no final de maio e foram muitas. “Nesses dias eu comia ainda mais do que o normal no RU, porque almocei e jantei lá direto para fazer as cenas”, lembra. A ideia da “banda” formada por funcionários que trabalham no RU e “tocam” vassouras e lixeiras, uma das sequências mais celebradas, apareceu na última hora. “Fizemos depois que terminou o almoço deles; o chefe do pessoal disse que tudo bem, mas no começo ninguém queria, ficaram meio envergonhados. Foi legal que eu gravava lá, a música tocando no celular pequeninho e uns cinquenta funcionários assistindo e curtindo”, conta. Os boatos de que os TAE’s entrariam em greve e o RU seria fechado fizeram a dupla acelerar os trabalhos. Acabou sendo a despedida momentânea da parceria com Vinicius, que vai passar um ano nos Estados Unidos pelo Ciência Sem Fronteiras.
Quando finalmente lançou o clipe, as reações foram rápidas. Na noite de quarta-feira, foi dormir e o vídeo tinha 6 mil visualizações. Quando acordou, eram 16 mil. Pensou “ah, não passa muito disso”, mas logo subiu para 25 mil. “Hoje minha mãe me acordou gritando, tinha chegado a 50 mil. Ela curte, fica cantando e meio dançando. Quando minha irmã do meio viu pela primeira vez, primeiro chorou de saudade; depois lembrou de quando cantei o refrão para ela pela primeira vez, em março”, fala, sorrindo.
Pedro sabe que o sucesso deve ter prazo de validade (“acho que depois do final de semana não vai crescer muito mais; por outro lado, já achei isso antes”, nota) e quer agarrar a oportunidade que surgiu. “Trabalhar com vídeo era o sonho da minha vida, mas nunca tinha possibilidade real de crescer na área. Agora estão surgindo free-lances, estágios, estou vestindo a camisa e aproveitando tudo o que posso”, diz. Ele completa 21 anos no próximo mês e já considera que teve um belo presente. Explica também que prefere manter suas criações em vídeo separadas do trabalho religioso: “não tem nada ver uma coisa com a outra”.
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