A usina nuclear de Chernobyl, localizada na Ucrânia, foi palco do maior acidente atômico da História, em 1986, quando aquele estado era parte da União Soviética. Um de seus quatro reatores ficou instável por razões técnicas e operacionais e acabou explodindo, liberando uma imensa carga radioativa na atmosfera e deixando um rastro de contaminação por vários pontos da Europa a partir da madrugada de 26 de abril daquele ano.
Décadas depois, a área segue supercontaminada, a carcaça do reator n°4 coberta por um sarcófago metálico e centenas de milhares de casos de câncer, especialmente de tireoide, ocorreram em inúmeros pontos do velho continente, levantando suspeitas de que possam ter sido causados pela radiação liberada, visto que os doentes se apresentam em áreas justamente por onde a “nuvem” radioativa se moveu, e isso inclui regiões distantes, como a Europa Ocidental, ilhas do Mar Mediterrâneo e o norte da Escandinávia, de acordo com pesquisas científicas realizadas em universidades europeias e dos EUA.
Uma busca simples no Google levará qualquer um a estudos acadêmicos realizados por órgãos como o National Center for Biotechnology do National Institutes of Health, dos EUA, ou da Université Sorbonne Paris Nord, mostrando os impactos trágicos de Chernobyl.
Uma usina como Zaporizhzhya, se tiver seus reatores atacados com mísseis, foguetes ou artilharia pesada, poderia causar uma tragédia muito pior que Chernobyl, podendo ser até dez vezes mais destrutiva, já que no caso da antiga usina soviética apenas um reator dos quatro foi detonado acidentalmente, enquanto que em Zaporizhzhya há seis reatores e cada um deles com potência até 25% maior que os reatores de Chernobyl.
A notícia de que Zaporizhzhya estava em chamas, na noite desta quinta-feira (3), deixou o mundo preocupado com as consequências de um ataque àquelas instalações. A informação foi confirmada pelo governo de Kiev e por agências internacionais de notícias, mas, a princípio, o fogo seria numa área afastada do reator.
No caso de Chernobyl, a presença massiva de radiação na atmosfera só foi notada pelo Ocidente após autoridades da Suécia encontrarem os vestígios por meio de satélites, dias depois da explosão, e com uma tecnologia bastante obsoleta para os padrões atuais. A centenas de quilômetros da usina, segundo testemunhos colhidos à época, já era possível sentir um forte gosto metálico na boca, tamanha a dispersão e a concentração da radiação ionizante. Componentes eletrônicos de aviões militares soviéticos, assim como câmeras fotográficas e de cinegrafistas simplesmente paravam de funcionar ao chegar mais perto da planta da usina. Era o efeito da radiação mortal sobre os aparelhos e, obviamente, sobre aqueles seres humanos que estavam próximos do local da tragédia.
Uma carga dez vezes maior de radiação liberada numa explosão de todos os reatores de Zaporizhzhya poderia gerar uma “nuvem” de contaminação muito mais densa e extensa, que certamente atingiria pontos muito além do continente europeu.
Em 2006, o canal Discovery lançou um documentário, considerado o mais completo e com as fontes e materiais mais confiáveis, sobre o mais trágico acidente nuclear de todos os tempos, chamado Battle of Chernobyl. Para os interessados em conhecer a realidade de incidentes dessa natureza e de seu potencial devastador, segue o player para a obra no YouTube abaixo:
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