Um país nocauteado

O Brasil que vai assistir ao espetáculo deprimente – mais um – de amanhã na Câmara dos Deputados é bem diferente daquele que viu, há pouco mais de um ano, a derrubada de um governo constitucional.

Havia, ali, ao menos, uma farsa e um cinismo a sustentar: o arroubo moralista, que uns rapazes de Curitiba, inflados por uma mídia criminosa, transformara em “salvação nacional”, ainda que pouca atenção se prestasse no fato de que o “salvador”, o homem que ia unir o país, revela-se um quadrilheiro, à frente do bando Moreira-Jucá-Geddel-Padilha, ajudado por um escroque como Eduardo Cunha, com quem posavam, sorridentes, os Kataguiri, os Paulinho, os tucanos.

Agora, não haverá nada a disfarçar, sequer, a garantia de cargos mixurucas, emendas inexpressivas;, nada a disfarçar a hipocrisia, zero a dar alguma esperança mesmo aos todos e ingênuos.

Daquela vez, esperanças falsas, ódios, apetites imensos, de um lado, e choque, angústia, dor, de outro.

Agora, simplesmente o “deixa esta merda assim mesmo”, onde a substância, claro, é o Brasil.

Viria, daquela vez, o “dream team”, a equipe econômica dos sonhos neoliberais. Agora, nem mesmo a certeza de que, como um molambo, ficará lá (ou não) um Henrique Meirelles que aprovou tudo o que quis, em matéria de massacre à população – faltou apenas, por artes noturnas de Michel Temer, a degola da previdência – e agora, como um dono de botequim às moscas, rabisca e emenda o prejuízo do ano.

As instituições de Estado tornaram-se alcatéias ferozes, que avançam tanto sobre as garantias constitucionais quanto sobre o combalido Erário, como fazem hoje os juízes hoje, segundo o Estadão, pretendendo um aumento de 41% nos seus fartos vencimentos– e a administração pública federal deixa de existir, senão no espalhafatoso desfile de tropas no Rio de Janeiro.

Por toda parte, ouvem-se os estalidos de uma estrutura podre, sustentada por uma onda de fanatismo que já não empolga mais ninguém e que, todos sabem, vai ruir.

Deixamos uma época de alegria, de confianças e esperanças e somos, hoje, um país nocauteado pela surra impiedosa que a mídia, nos a fio, nos dá.

Na história dos povos, isso nunca se perpetuou, indefinidamente.

Termina, e nem sempre com “bons-modos”.

Fonte: Tijolaço. 

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