Por Nelson Morales.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição colombiana da Revista VICE.
Minha primeira experiência fotografando tribos LGBT foi com as muxhes de Oaxaca, no México, de onde sou. Elas são uma comunidade homossexual que tem uma ideia transcendente de gênero, assumindo uma identidade exageradamente feminina — baseada na busca constante por beleza. Você pode dizer que elas desenvolveram um “terceiro gênero”. Fotografei o mundo delas por vários anos.
Aí me envolvi com um projeto fotográfico na Amazônia Colombiana chamado 20 Fotografos Amazonas. Eu queria imergir na floresta, em suas cores, seus mitos, suas lendas. Foi lá que descobri a tribo Ticuna, outra comunidade homossexual similar as muxhes de Oaxaca. Fiquei impressionado com como a cor da pele deles era parecida, como as duas tribos buscavam uma acentuação do excesso, e, acima de tudo, como as identidades das duas comunidades eram moldadas pelo desejo de se vestir de mulher.
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Os Ticunas têm feito campanha pelo direito de expressar seu gênero fluído, e de serem vistos e admirados por outros sem preconceitos. Você os vê na floresta, brincando no rio, andando pelas ruas de seus vilarejos, acrescentando cor e sabor à região. Sua comunidade os aceita. Uns trabalham, outros estudam com a ambição de um dia conseguir um diploma, outros ajudam a família com os serviços domésticos.
Quinze anos atrás, nada disso poderia acontecer na Floresta Amazônica. Apenas recentemente, graças à influência da mídia de massa, a cultura queer transformou essas comunidades. Eu queria criar retratos que transmitissem a energia que encontrei ali — sensual, transgressora e divertida.
Todas as fotos por Nelson Morales.
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Tradução do inglês por Marina Schnoor.