Um Jornal jamais abandona a sua comunidade, aquela que é motivo de sua existência

Por Claudia Weinman, para Desacato. info. 

“Me vê um jornal aí” – passava um menino e falava.

Dali a pouco, outra pessoa estendia a mão e recebia o Jornal Comunitário do outro lado do portão. Na tarde de sábado, dia 17 de setembro de 2016, o coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude Rural (PJR), realizou a entrega do Jornal Comunitário nas comunidades Vila Nova I e Vila Nova II, em São Miguel do Oeste – SC. Já faz um tempo que esse trabalho de entregar o registro Jornalístico da comunidade acontece.

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Entrega do Jornal Comunitário na Vila Nova I.

No interior dos municípios vizinhos isso também ocorre. Desde a cidade até o interior longínquo, a tarefa é proporcionar a entrega. Nada mais justo. É importante, necessário. As pessoas desejam ver o que estamos escrevendo sobre elas, e assim, criamos esse elo de compromisso com cada gente que com carinho, nos recebe em sua casa, convida para um chimarrão e nos faz sentir parte desse processo de construção. Só existe registro quando temos uma história para contar e essa por sua vez, só pode ser contada se houver um compromisso com o local. O movimento resultante dessa ação, chama-se comunicação popular, essa, que interage e jamais nega a identidade de um lugar, das pessoas que moram ali.

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Comunidade recebendo o Comunitário.

Importante é relatar também a expressão das pessoas ao receberem o Comunitário em suas casas. Com um pouco de dificuldade essa tarefa foi cumprida. Quando Tayson, Wesley, Paulinho, chamavam os moradores para recebê-los, do outro lado da rua, estavam os políticos partidários, esses que vez ou outra, a cada ano de eleição, batem na porta dos moradores da Vila, para pedir apoio. Enquanto isso, a gente falava na janela: “Olá, tem alguém em casa? Não é panfleto de política, é o Jornal Comunitário”. Então éramos recebidos.

A Vila encheu-se de gente no último sábado. Normalmente não é assim. Quando a comunidade pede calçamento, vai às reuniões solicitando saneamento básico, ou chega em um estabelecimento e pede um apoio para construção de um parque ou algo parecido, nem sempre é bem recebida ou é atendida. Mas nessa época de eleição, parece clichê falar, mas é verdade, vem um monte de gente cumprimentar, abraçar, entregar panfleto, conversar, querer saber dos problemas das comunidades, uma coisa impressionante.

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Comunitário na Vila Nova II.

A gente sabe, o povo que vive na Vila também. Os interesses individuais jamais transformarão as realidades. Enquanto forem apenas ‘conveniência’, não vão emancipar ninguém. Por isso seguimos caminhando, observando, conversando, convivendo e lutando com gente igual a gente, porque um Jornal jamais abandona a sua comunidade, aquela que é motivo de sua existência. Nem nas horas boas, muito menos nas ruins.  Por isso comemoramos sim mais uma entrega desse trabalho coletivo, agradecendo a comunidade em primeiro lugar, que sempre nos recebe com muitos sorrisos, muitas alegrias e também expõe suas denúncias. Esse movimento é necessário para o processo de comunicação que estamos, faz algum tempo, com a ajuda de muitos/as, construindo. E ele vai ser ainda mais bonito e transformador!

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